Cidadãos do Infinito




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27/04/2012
AS SOCIEDADES SECRETAS
Em contraposição à doutrina do Altíssimo, proclamada por Jesus e pelos antigos profetas de Israel


"Não falei em segredo, nem em lugar algum escuro da terra (...) eu sou o Senhor, que falo a justiça, e anuncio coisas retas" (Is 45,19).

 

A doutrina verdadeira proclamada pelo Deus Vivo por intermédio de todos os profetas e do próprio Cristo tem uma característica essencial: NÃO é uma doutrina iniciática. Nada tem a ver com qualquer religião de mistérios da Antiguidade, nem de seletos adeptos esotéricos.

Para Cristo, a luz jamais deve ser posta sob o alqueire

"E ninguém, acendendo uma candeia, a põe em oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz" (Lc 11:33).

Na doutrina do Cristo não há nada que seja oculto, escondido:

"Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto" (Mc 4:22).

Não há segredos que devam ser revelados apenas a seletos iniciados:

"O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que escutais ao ouvido, dos eirados pregai-o" (Mt 10,27).

Não há escolhidos, não há grupos seletos ou eleitos por meios sinistros, nem quem seja mais apto a ser aceito. Ou ainda, que tenha as "condições necessárias" para ser "iniciado".

Na doutrina de Jesus não há qualquer tipo de restrição para a recepção de Seus ensinamentos:

"E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16,15).

"Seja o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna"

A doutrina de Cristo não proclama mentiras, nem meias-verdades, nem dissimula comportamentos ou atos vis comprometidos por juramentos e pactos realizados em segredo:

"Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna"(Mt 5:34-37).

Eis a doutrina do Deus Vivo que é revelada às claras e sobre os montes para todas as multidões.

Não há mistérios nem segredos, nem juramentos iniciáticos, nem nada que seja oculto, dúbio, dissimulado, motivo para conspiração ou que não possa ser compartilhado abertamente com todos.

Sob o véu dos mistérios iniciáticos das sociedades secretas

Há um incômodo e desagradável consenso velado entre muitos estudiosos sérios de que a história da civilização é orquestrada por facções de um governo oculto que se degladia por um poder totalitário, disfarçado sob o véu dos mistérios iniciáticos das sociedades secretas.

O próprio Cristo nos alerta que esse governo oculto presidido pelo "príncipe deste mundo" (Jo 16:11) tem sua sede e suas falanges nas dimensões do espírito.

Com grande poder, embora transitório, influencia e delibera sobre mentes e corações, segundo as más inclinações de cada um, decorrentes do pecado original. E também, anonimamente, através das altas hierarquias das sociedades secretas que, sob seus auspícios, disseminam suas estratégias de controle e influência sob o véu do segredo de suas doutrinas ocultas e pagãs.

Obviamente, tudo isso é propagado por meios nebulosos e através de seus dissimulados "adeptos" de todos os tempos que ocupam lugares estratégicos em todos os centros do poder humano.

Trata-se de uma única conspiração muito bem urdida pelas hostes do "príncipe deste mundo" (Jo 12 : 31).

Uma única conspiração, mas que vem de muito longe... E que escraviza a natureza humana. (Cf. .- A queda dos anjos, segundo o magistério da Igreja Católica e o ensinamento secreto iluminista).

Jesus denunciava que os sacerdotes de seu tempo ocultavam a verdade e fechavam o reino dos céus aos homens

É bem claro e fácil constatar nos Evangelhos que durante toda Sua vida messiânica Nosso Senhor mostrou-Se radicalmente intransigente para com os sacerdotes e escribas de Seu tempo.

Para Ele, o povo simples e mesmo a chamada escória da sociedade sempre recebeu Seu divino apreço, d'Ele bebendo de Seu amor e misericórdia abundantemente.

Mas com relação aos sacerdotes e doutores da lei, Sua postura era bem outra. Em diversas passagens Jesus proclama abertamente que eles eram "hipócritas" (isto é, dissimulados, de dupla personalidade e comportamento dúbio, conspirador) e impediam que as pessoas tivessem acesso à verdade:

"Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando" (Mt 23,13).

É bastante estranha uma afirmação dessas da parte de Cristo, sendo aqueles sacerdotes legitimados e autorizados, segundo a Lei, para oficiar no templo de Deus. E, no entanto, mesmo assim, "fechavam" o reino dos céus aos homens.

Jesus advertiu a Seus discípulos que os sacerdotes acrescentavam doutrinas humanas (tradição) à Lei de Deus

Jesus constantemente afronta os sacerdotes, denunciando essa característica "oculta" ao povo, mas clara para Ele, implícita no comportamento farisaico e no "fermento" de suas doutrinas.

Mais do que isso, Jesus adverte a Seus discípulos que os sacerdotes acrescentavam doutrinas humanas (tradição) à Lei de Deus.

A esse acréscimo (que parece evidenciar os rudimentos da tradição oral que originaria posteriormente os mistérios ocultos da Cabala hebraica e, mais adiante, do Talmud) Ele denominou "fermento dos fariseus e dos saduceus":

"E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus" (Mt 16,6).

O "fermento" dos fariseus e saduceus

Em certas passagens ainda, Jesus faz questão de denunciar que eles, os fariseus e saduceus, comungavam esse "fermento" de doutrina que difere da verdadeira doutrina deixada por Deus, na voz de Seus profetas:

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas" (Mt 23,23).

Contrariamente a toda doutrina de mistério de todos os tempos (ou Gnose), Jesus deixa muito claro que a luz da verdade não deve ser ocultada:

"E ninguém, acendendo uma candeia, a põe em oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz" (Lc 11:33).

Denunciando os fariseus, Jesus condena todas as doutrinas humanas ministradas à sombra do mistério e do segredo

Essa persistência por parte de Jesus em insinuar que os sacerdotes de seu tempo estariam irmanados através de práticas estranhas fica ainda mais evidente em passagens como esta, quando o sumo sacerdote interroga Jesus, às ocultas de vários outros membros do sinédrio, exigindo d'Ele informações sobre Seus discípulos e Sua doutrina.

Jesus responde ao sumo sacerdote:

"Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus sempre se ajuntam, e nada disse em oculto" (Jo 18,20-21).

E aqui o Mestre parece querer insinuar: "minha doutrina é clara e não possui o fermento oculto da vossa".

E ainda prossegue, desafiadoramente:

"Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito" (Jo 18,20-21).

Ou seja: o meu ensino é totalmente claro, aberto às massas e nada tem de secreto — resposta que lhe custou uma bofetada no rosto.

Horas depois Jesus estaria crucificado.

* * *

Por causa dos pecados dos sacerdotes e chefes do povo, a Virgem de La Salette prenunciou que Deus permitiria que a velha serpente causasse divisões

Pouco depois da Revolução Francesa, no ano de 1846, em La Salette, semelhante às revelações de Deus aos antigos profetas hebreus, novamente manifesta-se a Santíssima Virgem em lágrimas dolorosas às suas duas crianças, vaticinando um de seus mais assustadores e longos apocalipses. (Cf. .- O APOCALIPSE DE LA SALETTE: "O CORAÇÃO DAS MENSAGENS DE MARIA" (1846)).

Naquele delicado momento a França, luz do mundo e até então uma nação católica, sofria muito em virtude dos tremendos abusos não só por parte da aristocracia, mas também de seu próprio clero.

Exatamente como fizera Seu Filho outrora, dirigindo-Se aos sacerdotes e chefes dos povos de seu tempo, assim pronunciou a Virgem Santíssima, Mãe de Jesus:

"Os padres, ministros de Meu Filho, pela sua má vida, sua irreverência e impiedade na celebração dos santos mistérios, pelo amor do dinheiro, das honrarias e dos prazeres, tornaram-se cloacas de impureza. Sim, os sacerdotes atraem a vingança e a vingança paira sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela sua infidelidade e má vida crucificam de novo meu Filho! Os pecados das pessoas consagradas a Deus bradam ao Céu e clamam por vingança. E eis que a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais uma pessoa a implorar misericórdia e perdão para o povo. Não há mais almas generosas, não há mais ninguém digno de oferecer a vítima imaculada ao [Pai] Eterno em favor do mundo..."[1]

E com essas palavras, ao mesmo tempo em que adverte gravemente sobre a decadência do clero, a Mãe do Verbo confirma a dignidade espiritual do Sacramento da Ordem, singular poder outorgado por Deus unicamente aos Seus sacerdotes por Ele mesmo escolhidos, para que cumpram o sagrado dever de sacrificar e interceder sobre a terra, em favor dos homens.

Por isso, em todas as seitas e sociedades secretas seus adeptos se arvoram em conferir graus, títulos e funções pretensamente sagradas e mesmo sacerdotais. Mas a dignidade do sacerdócio foi outorgada unicamente por Cristo aos escolhidos de Seu Colégio Apostólico e perpetua-se no tempo através de seus legítimos sucessores.

"Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20,21-24).

Portanto, a maior lástima que pode ocorrer à humanidade é o relaxamento e mesmo a decadência dos que foram chamados à vocação sacerdotal.

 


[1] DUFAUR, Luis Eduardo. A aparição de La Salette e suas profecias. p. 58. Petros. 2007. (Cf. René Laurentin, Michel de Corteville.Découverte du secret de La Salette, Paris, Fayard. 2002). (Cf. CARLIER, L. Histoire de l'apparition de la Mère de Dieu sur le montagne de la Salette. Tournai, Les Missionaires de la salette, 1912; JAQUEN, J. La grâce de la Salette 1846-1946. Paris, Cerf, 1946; LA DOUCEUR, E. The Children of La Salette. New York, Vantage Press, 1965).





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