Cidadãos do Infinito




Santa Missa
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07/02/2012
CARTA DE UM PADRE AOS SEUS PAROQUIANOS II
2ª Parte


Reflexões e comparações entre as 2 missas. 

 

UM PÁROCO DA DIOCESE DE SESSA AURUNCA DECIDIU NÃO 

CELEBRAR MAIS A MISSA SEGUNDO O NOVUS ORDO  

 

* CARTA DE UM PÁROCO A SEUS PAROQUIANOS *

2ª carta e 3ª cartas

Apresentamos nesta página três cartas do Rev. Padre Louis Demornex, Pároco de Fontanaradina di Sessa Aurunca, na provincia di Caserta, Itália.

 

Depois de ter experimentado por anos a pobreza do Novus Ordo Missae e de ter assistido às miríades de ofensas que tantos padres cometem a cada dia contra Nosso Senhor no curso da Missa ( mesmo involuntariamente), ele se deu por conta de que a crise que a Santa Igreja atravessa há anos é devido essencialmente ao abandono da sua milenar liturgia.

 

Depois de uma profunda e sofrida reflexão, ele decidiu por retornar ao uso dos livros litúrgicos em vigor até 1962, valendo-se do indulto perpétuo concedido pelo Papa São Pio V com a Bolla Quo primum tempore, plenamente consciente dos enormes problemas com os quais teria que se confrontar: por amor a Cristo, pela Santa Igreja e por amor à alma de seus paroquianos. Para fazer com que todos compreendessem o verdadeiro significado de sua decisão, ele endereçou aos seus paroquianos três cartas que aqui publicamos, quase que um verdadeiro compêndio das suas sofridas reflexões

 

Estas duas últimas, ele fez questão de participar ao seu Bispo, recebendo em troca imcompreensões e repreensões disciplinares e então pensou em submeter a sua decisão ao Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Ratzinger, de quem recebeu compreensão e apoio espiritual.      

 

O seu caso ainda está a espera de uma solução satisfatória, e ele, depois de um período de afastamento está de volta à sua paróquia. A nossa esperança é que o Padre Louis se torne um exemplo pra muitos sacerdotes que, embora compartilhando de suas reflexões consideram impossível assumirem posições corajosas. Cremos não exagerar quando afirmamos que amadureceu o tempo para que ocorra uma virada e sobretudo em Roma se esperam apenas sinais que venham de baixo, como infelizmente se tornou costume depois de 30 anos de pós-concílio.

 

Convidamos os amigos, e sobretudo os sacerdotes a demonstrarem de todo modo necessário apoio ao Padre Louis, ainda que seja intervindo junto ao Bispo do lugar e junto à Cúria Romana

 

Sua Em.za Rev.ma Card. Joseph Ratzinger Prefetto della Congregazione per la Dottrina della Fede 00120 Cittàà del Vaticano - tel. 06/69.88.32.96.

Sua Em.za Rev.ma Card. Darìo Castrillòòn Hoyos Prefetto della Congregazione per il Clero Piazza della Città Leonina, 1 - 00193 Roma - Tel. 06/68.30.70.88

Sua Ecc.za Rev.ma Mons. Antonio Napoletano Vescovo di Sessa Aurunca Piazza Duomo, 2 - 81037 Sessa Aurunca (CE) - tel. 0823/93.71.67

Rev. Padre Louis Demornex, 81037 Fontanaradina di Sessa Aurunca (CE) tel. 0823/70.51.13

 

 

 

 

 

 

SEGUNDA CARTA

 

Reflexões e comparações entre as duas Missas


 

A Missa Católica

 

(do Catecismo de São Pio X)

 

A santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo que, sob as espécies do pão e do vinho, se oferece por mãos do sacerdote a Deus sobre o altar, memória e renovação do sacrifício da Cruz.

- Se trata de um verdadeiro sacrifício ou imolação do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus.

- O sacerdote é o sacrificador da vítima oferecida pelos pecados do mundo. É Cristo que na pessoa do sacerdote, se oferece a Deus Pai para expiar pelos nossos pecados e livrar-nos do mal.

- A presença do Senhor é real, substancial e física sob as espécies eucarísticas, prescindindo da presença do povo.

Praticamente: - Afirmação da presença do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo sob as aparências do pão e do vinho, isto é, a substância do pão e do vinho é transformada na substancia do Corpo e Sangue do Senhor.

- Afirmação do sacerdócio ministerial, isto é, o sacerdote é consagrado com um caráter indelével para ser em eterno um outro Cristo, para permitir que Cristo na sua pessoa e através da sua pessoa, abençoe, perdoe os pecados e consagre o pão e o vinho.

- A Missa é válida e justificada ainda que esteja presente apenas o sacerdote, porque Cristo no sacerdote consagra a Si mesmo nas espécies eucarísticas e se oferece ao Pai como vítima pelos nossos pecados renovando o sacrifício do Calvário, onde sozinho e abandonado se imolava por todos nós

 

 

 

A nova Missa

 

(Instituição Geral do Missal Romano, n E° 7)

 

A ceia do Senhor, ou Missa, é a santa assembléia ou reunião do povo de Deus que se reune sob a presidência do sacerdote para celebrar o memorial do Senhor. Portanto, no que diz respeito à reunião local da santa Igreja, vale de modo eminente a promessa de Cristo: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles" (Mt., 18, 20).

 

- Se trata de uma reunião do povo.

- O sacerdote é o presidente de uma assembléia para dirigir o encontro. Ele é em tudo igual aos fiéis ( ato penitencial inicial e rito de comunhão comum ao sacerdote e aos fiéis).

- A presença do Senhor é puramente espiritual, e se faz possível através da reunião do povo, portanto inexistente sem o povo.

 

Praticamente: - Negação implícita da presença real do Senhor nas espécies eucarísticas. Afirmação de uma mera presença espiritual no povo.

- Negação do sacerdócio ministerial, relegando-o a uma função de presidência para dirigir uma assembléia( na nova linguagem o sacerdote preside a Missa, não mais celebra a Missa).

- Não tem sentido uma Missa sem a presença do povo, o qual é necessário para garantir a presença espiritual do Senhor.

 

 

Se as palavras possuem algum sentido, é impossível não constatar à primeira vista essas diferenças. Se por outro lado não era intenção do Redator dar esse significado às suas palavras, ou seja, modificar totalmente a doutrina católica sobre a santa Missa, então que ele volte à escola primária para aprender a se expressar.Mas como o redator era inteligente, é claro que ele quis exprimir o seu pensamento e a sua fé em termos inequívocos. Depois, foi redigida uma outra definição da Missa, menos herética, mas isso não mudou a realidade do novo rito.É como se um arquiteto desenhasse a planta de uma casa e depois da sua construção ele percebesse que a casa não se sustenta de pé, aí então ele se contentasse em mudar a planta sem no entanto modificar a casa.

 

Ouçamos a voz dos protestantes, neste caso, bem mais iluminados do que os Católicos: Lutero, a respeito do rito católico:

""Eu declaro que todos os bordéis, os homicídios, os furtos, os assassinatos e os adultérios não são nada em comparação com aquela abominação que é a missa papista.»"".

 

Os protestantes de hoje a propósito do novo rito: Max Thurian (da Comunidade de taizé, um dos seis pastores que participaram na redação do novo rito - La Croix, 30.5.1969): ""Um dos frutos do Novus Ordo será que talvez as comunidades não Católicas poderão celebrar a santa ceia com as mesmas orações da Igreja Católica. Teologicamente é possível." Siegevalt (professor na Faculdade protestante de Strasburgo - Le Monde, 22.11.1969): " Agora, na missa renovada, não há nada que possa perturbar o cristão evangélico" S. A. Teinone (teologo luterano - La Croix, 5.5.1972): " A maior parte das reformas desejadas por Lutero existem de agora em diante no próprio interior da Igreja Católica...então por que não reunirmo-nos?"

 

A este ponto quem não quer ver e compreender é no mínimo desonesto. Não interessa o que agrada e o que não agrada, o importante é a Verdade, isto é, a comunhão com Deus. Criar um rito que agrada, mas que é falso e herético, é o mesmo que dar murros ao vento com a ilusão de amassar o pão.Além do mais é uma injúria contra Deus e uma traição aos fiéis católicos.

 

Se fala de obediência. Mas se alguém me apresentar uma pedra e me disser que por obediência devo acreditar que é um pão, posso até crer por ignorância, por medo, por comodismo, mas nada disso diminui o fato de que uma pedra é uma pedra. A obediência na Igreja é uma arma mortífera se mal interpretada, porque toda a vida da Igreja está baseada na obediência, sendo a Igreja uma sociedade monolítica construída sobre Pedro.Portanto o primeiro obediente deve ser o Papa, que não pode afastar-se da verdade:

 

" O Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de Pedro, para que por sua revelação, ensinassem uma nova doutrina, mas para que por sua assistência, guardassem santamente e expusessem fielmente a revelação transmitida pelos Apóstolos, ou seja, o depósito da Fé."" (Concilio Vaticano I).

 

 

Se por hipótese o Papa se afastasse da verdade, dada a mentalidade Católica, ele arrastaria com muita facilidade toda a Igreja para fora da verdade. Ora, através das duas diferentes definições de Missa e do comentário dos protestantes, torna-se claro que o novo rito se afastou da doutrina católica a respeito da Missa.Não se julga as intenções, olha-se para os fatos e contra fatos os argumentos e as intenções nada valem. Não interessa as justificativas dos inovadores sobre uma presunta "maior riqueza contida nos novos livros litúrgicos".Por obediência, se passou de uma realidade da Missa, católica, dogmática, canonizada, para uma realidade protestante.Será que eu posso chamar uma pedra de pão só por obediência?Posso por acaso seguir um rito reformado só porque assim me ordenou a Autoridade? Muito cômodo! Peçamos então aos protestantes que se tornem novamente Católicos em nome da obediência! Posso por acaso chamar a Missa Católica, "nova missa:, tão longinqua das definições do Concílio dogmático de trento e tão aplaudida pelos protestantes, usando o pretexto de que esta foi imposta do "Alto"? A primeira regra da obediência é a vontade divina, assim diz São Tomás de Aquino, e a segunda regra é a vontade dos superiores na medida em que esses aderem a Cristo. Pelo qual é um dever repreender os superiores caso esteja em jogo um perigo para a fé. Neste caso os superiores deveriam ser repreendidos pelos seus inferiores e até mesmo publicamente. Esse foi o modo como agiu São Paulo em relação a São Pedro (Summa Theologiae, II-II, q. 33, a. 4, ad 2m).

 

Dizem que basta rezar com devoção. Mas muitos protestantes, muçulmanos ou budistas rezam com sincera devoção, e nem por isso podemos dizer que seus cultos são verdadeiros. "Os deuses dos pagãos são demônios" (Salmo 95).

Dizem que todos agem assim. Por ter afirmado a verdade, Jesus ficou só diante de Pilatos e isso não diminui o fato de que apenas Ele tinha razão.

 

Em suma, quando se diz que o novo rito da Missa representa, seja no seu todo como nos seus detalhes, um impressionante afastamento da teologia Católica da Santa Missa, tal qual essa foi formulada na sessão XXII do Concílio Tridentino, de forma alguma se trata de opinião pessoal de qualquer cardeal tradicionalista retrógrado, mas sim da fé de toda a Igreja expressa naquele Concílio Dogmático. Se depois de tudo isso alguém quisesse se afastar, teria toda a liberdade, mas que não continuasse usando o nome de Católico para não confundir os filhos da Igreja.Não interessa quem escreveu aquela definição, interessa a verdade sobre a Missa.

 

Há alguns que alegam que os dois ritos são equivalentes.É como se me dissessem que o violino e a guitarra são iguais. Por que não experimentam pedir ao grande Paganini para tocar o IV concerto brandeburguês com o arco sobre as cordas de uma guitarra? Depois me dêem notícias dessa obra prima! Peçam a um sacerdote sério pra celebrar o sacrifício do Calvário com este instrumento protestante que é o novo rito (anglicano-calvinista), forjado para recordar unicamente a ceia do Senhor, e provavelmente vocês terão uma Missa, mas verdadeiramente deturpada.Por outro lado, se fossem equivalentes (e o nega seja a teologia católica, seja a protestante), por que motivo inventar um rito todo novo quando já temos um belíssimo, feito e aprovado por toda a história e teologia da Igreja?Seguindo a nova definição da Missa- e até mesmo os teólogos protestantes confirmam que o conteúdo corresponde à definição- não se faz mais aquilo que antes fazia a Igreja Católica. Será então que deveríamos concluir que o sacrifício perpétuo foi abolido?

 

 

Em suma: - se para a validade da Missa é necessário fazer aquilo que faz a Igreja.- e se a Igreja de hoje não faz mais o que fazia a Igreja de ontem e de sempre,seria necessário concluir que a Missa de hoje não tem validade?A validade da Missa depende então da fé pessoal do "presidente", e muitos "presidentes", por causa dos defeitos já elencados, demonstram uma clara diminuição de sua fé e alguns nem mesmo crêem mais ( 40% na França), sobretudo os jóvens educados dentro dessa nova mentalidade.

 

Que há uma diminuição da fé, esse é um fato evidente: - o Santíssimo Sacramento, no tabernáculo, ficava no centro de nossas igrejas, entronizado sobre o altar principal, objeto de imediata adoração para quem ali entrava. Hoje na maioria das igrejas foi removido e muitas vezes nem mesmo se sabe onde o colocaram. Isso quando não é arrumado de modo verdadeiramente indecoroso! ( eu mesmo tive oportunidade de vê-lo em meio a trastes velhos, numa caixa de papelão dentro de um depósito). O lugar central agora é reservado à mesa;- a tal mesa não é mais um altar onde antes se guardava as relíquias dos mártires, mas simplesmente uma mesa;- se reza a Missa voltado para o povo, à moda dos calvinistas e anglicanos e não mais voltados para o oriente ( na direção de onde surge o sol, símbolo do Cristo ressuscitado) ou o tabernáculo.- Incensa-se o Santíssimo da mesma forma que se incensa as estátuas ou o povo: 3X2 ao invés de 3X3 como se fazia antes;; - Durante a Consagração não mais se incensa enquanto se incensa a mesa, as estátuas e o povo. ( quando se usa o incenso!).- Não se faz mais a genuflexão depois das palavras da Consagração, antes da elevação. Será que há dúvidas de que essas palavras ditas pelo sacerdote são realmente eficazes? Apresenta-se a hóstia ao povo e o povo consagra junto com o sacerdote ( sacerdócio comum do "presidente" e dos batizados?)- Existe ainda a tendência de se querer diminuir o número das missas durante a semana, substituindo-as talvez pela leitura da Bíblia, enquanto antes a Missa era obrigatória todos os dias, em todas as paróquias.- a comunhão é dada na mão dos comungantes, ao passo que até 1989 era considered um sacrilégio tocar o Santíssimo.- a comunhão é recebida em pé ou sentado, enquanto antes se recebia de joelhos com uma geneflexão antes e depois ao se levantar;- todos os homens e mulheres, podem tocar o Santíssimo e até mesmo distribuí-Lo, enquanto antes era um privilégio único dos sacerdotes ou diáconos;- não se usa mais a patena, por isso os Fragmentos caem pelo chão e são pisados ( Lúcifer deve invejar este pecado que ele jamais conseguiu cometer);- se joga fora a água das abluções logo depois da comunhão ( isso quando fazem abluções!), enquanto antes o sacerdote, depois de ter lavado os dedos com o vinho e com a água, bebia tudo;- supressão geral da bênção eucarística;

sobre estes pontos, os sacerdotes mais devotos se encontram num conflito constante e devem lutar continuamente contra as perversões advindas desta novidade, ou então devem se adequar mesmo violando suas consciências.

 

 

Outros fenômenos concomitantes:- nos anos 70, cerca de cem mil sacerdotes abandonaram o sacerdócio, e não por motivos fúteis ou vulgares, mas devido à crise religiosa e de identidade. Desculpem-me, mas se uma doutrina ( sobre o sacerdócio e a Missa) que lhe foi ensinada como verdadeira, num golpe só, lhe é declarada como equivocada, é natural que você resolva mandar tudo pelos ares. - existe uma proibição insidiosa contra o verdadeiro rito católico, como se fosse um terror sacro, uma antipatia visceral inexplicável, um ódio sobrenatural só de pensá-lo ( Lutero não está muito longe!);- pela primeira vez na história, as reformas das ordens religiosas não provocaram um retorno ao rigor dos fundadores, mas uma adaptação e uma abertura maior à mentalidade do mundo, da qual os religiosos antes eram desapegados e afastados. E tudo isso estranhamente organizado pelos próprios Superiores Maiores, enquanto semeia-se a suspeita , o deprezo e a marginalização por aqueles religiosos que quiseram manter sua fidelidade ao hábito, aos votos e às suas regras religiosas;- os sacerdotes e muitos religiosos se secularizaram ( hábito e estilo de vida);- os leigos passaram a fazer parte do clero, com a introdução do diaconato permanente para homens casados; - os seminários e conventos de fecham ou se adaptam à mentalidade do mundo; - cada vez mais os "católicos" se "consagram" às chamadas "comunidades eclesiais", fundadas por mestres dúbios, espécie de gurus, formando assim espécies de guetos separados, superiores à comunidade dos fiéis, com seus ritos floridos e multicoloridos e sua própria hierarquia;- variações infinitas no que diz respeito ao dogma, à moral, à Sagrada escritura, à liturgia; - entre os fiéis, cada vez mais, ganha terreno a idéia de que todas as religiões são boas, desde que o homem seja bom.

 

As chagas são incontáveis, a confusão é total, a Igreja tornou-se uma Babel.

E então se faz necessário retornar à alma da Igreja: a santa Missa autêntica, não reformada, na espera de tempos melhores.

 

E uma vez que, como diz o provérbio latino: ""Lex orandi, lex credenti"" (a lei da oração estabelece a lei da Fé), ou seja, assim como se reza, assim se crê, da verdadeira Missa Católica desabrocha a fé católica necessária para a salvação.A Santa Missa não é uma invenção do Papa São Pio V, mas a compilação da Missa romana antiga da qual foram tirados alguns acréscimos introduzidos no decorrer dos séculos: em suma, esse é o rito romano antigo retornado à sua simplicidade primitiva e tornado obrigatório depois de apenas seis meses de trabalho em todo o orbe católico e até o fim do mundo, com ameaças paraquem ousasse retocá-lo.Não é como a nova Missa, que depois de trinta anos ainda está em fase de pesquisa e de modificações, sujeita ao capricho desse ou daquele "presidente" ou de qualquer liturgista de plantão, os quais não sabem o que querem e nem pra onde vão, todavia se acham infalíveis e investidos de poderes absolutos, de autoridade drástica. Cheios de ciência, competência, eles sabem de tudo!!

 

""Orgulho é sem dúvida aquele confiança em si mesmo pelo qual se erguem como regra univeral. Orgulho é aquela vanglória que ali se apresenta fazendo os dizer, altivos e inchados: nós não somos como o resto da humanidade! E que para não os fazerem entrar em confronto com os demais, lhes empurra para as mais absurdas novidades ¼¼"" (San Pio X).

""Virá um tempo em que não suportarão mais a sã doutrina e levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si, afastarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas" (2 Tim., 4, 3-4).

 

""Se o sal perder o sabor¼¼ não serve senão para ser jogado fora e pisoteado pelo povo"" (Mt, 5, 13).

 

 

 

Terceira Carta

 

"VOS AUTEM RESISTITE FORTES IN FIDE" (I Pd 5,9)

Hic est Corpus meum Hic est Calix sanguinis mei

 

Estas palavras da consagração são o ápice de um intinerário crescente que parte da oferta da vítima ( Vítima imaculada, Cálice da salvação) e da sua preparação, procedendo então à sua imolação pelos pecados do mundo. Este intinerário, composto de textos e ritos, foi estabelecido pela Igreja por séculos, até se chegar à sua última e perfeita redação desejada pelo Concílio de Trento.O resultado destes séculos de pesquisa e ajustamentos é portanto um texto preciso, selecionado, apto a expressar o Dogma católico e a realidade da Santa Missa. A tal ponto que no dia 14 de julho de 1570, São Pio V pôde promulgar o Missal em modo definitivo com uma bula dogmática (Quo primum tempore) a qual estabilizava para sempre o seu conteúdo:

 

«« E a fim de que todos, e em todos os lugares, adotem e observem as tradições da Santa Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas, decretamos e ordenamos que a Missa, no futuro e para sempre, não seja cantada nem rezada de modo diferente do que esta, conforme o Missal publicado por Nós,««Decretamos e declaramos que a presente Bula não poderá jamais, em tempo algum, ser revogada nem modificada, mas permanecerá sempre firme e válida, em toda a sua força.

 

"Assim, portanto, que a ninguém absolutamente seja permitido infringir ou, por temerária audácia, se opor à presente disposição de nossa permissão, estatuto, ordenação, mandato, preceito, concessão, indulto, declaração, vontade, decreto e proibição. Se alguém, contudo, tiver a audácia de atentar contra estas disposições, saiba que incorrerá na indignação de Deus Todo-poderoso e de seus bem aventurados Apóstolos Pedro e Paulo".

 

Textos e rubricas obrigavam sub gravi, que é o mesmo que dizer que não era permitido ao sacerdote a mínima improvisação pessoal para as variações e isto em caráter perpétuo. Havia sido encontrada a fórmula perfeita e definitiva pela qual, através da oração oficial da Igreja, se expressava a fé da Igreja.A Igreja prudentemente não se fiava na fragilidade humana e portanto impunha um percurso seguro para se chegar ao cumprimento válido e eficaz do rito. Fora deste percurso o rito não era válido.Por exemplo, as palavras da consagração pronunciadas sozinhas, não podem ser válidas, porque essas não são palavras mágicas tiradas do ar, mas apenas se tornam válidas se o sacerdote percorreu o intinerário desejado pela Igreja, com a intenção de de se chegar à imolação da Vítima segundo a mesma intenção da Igreja.E todas as gerações da humanidade deveriam passar por esse rito perfeito do Sacrifício da Cruz para serem purificados dos pecados e promovidos à bem-aventurança eterna.

 

 

Com a reforma, mudando a oração, obrigatoriamente mudou-se a fé, e dois fatos o demonstram claramente: - a nova Missa foi composta com a participação efetiva de seis teólogos protestantes (dott. Georges, canonico Jasper, dott. Sephard, dott. Konneth, dott. Smith, e o Irmão Max Thurian); - estes demonstraram a sua plena satisfação por este rito ser admissível até mesmo pelas comunidades protestantes, portanto um rito não mais católico. Enquanto antes a Missa Católica era considerada a pior "abominação", hoje para os protestantes ( luteranos, anglicanos, clavinistas) a Missa não apresenta mais nenhum obstáculo para a comunhão, e não porque esses tenham aceito a nossa fé, muito pelo contrário, foi porque a fé católica. foi alterada

É o cúmulo em absoluto, que nós católicos tenhamos solicitado esta "graça" aos heréticos, saídos da Igreja há mais de quatrocentos anos atrás, exatamente os negadores do sacrifício propiciatório, ignorantes da nossa fé, membros de igrejas mortas que não possuem os sacramentos, especialmente o da Eucaristia, Pão da vida eterna. Um povo sem verdade, sem doutrina. A esses foi solicitado o favor de nos ajudar a compor uma Missa católica! Absolutamente um absurdo, realmente é flagrante a incapacidade e a incompetência deles ao tentarem criar um culto justo e agradável a Deus.

 

Pedimos a pessoas que não crêem na Missa que nos ajudassem a compor a nossa Missa!

Seria o mesmo que pedir a um cego que nos guiasse por uma trilha montanhosa, ou que guiasse um carro em uma via congestionada, ou que pedíssemos a uma analfabeta para que nos ensinasse o grego, ou que desmontasse um quebra-cabeças perfeito para fazer com que fosse remontado usando apenas algumas peças ao improviso.Será que poderíamos imaginar os muçulmanos pedindo aos judeus para que os ajudassem a compor as cerimônias da mesquita?

 

Ora, como podemos confiar em pessoas sem doutrina, sem regras morais precisas, abandonadas ao livre exame, estrangeiros, inimigos da Igreja, geradores incansáveis de confusão espiritual, renegadores da fé de seus antepassados antecedentes à reforma?Não afirmo nada disso gratuitamente: por experiência de ecumenismo ( três anos muito empenhadíssimo), posso afirmar que o protestantismo é uma empresa de demolição. Com esse, nenhum diálogo é possível porque lhes faltam as bases doutrinárias sobre as quais se possa fundamentar um ponto de partida para o diálogo. Que coisas poderíamos discutir quando eles mesmo não sabem no que crêem? Eu constatei o seu desdém quando com a Bíblia na mão, demonstrava-lhes a justiça das posições católicas. Com os ortodoxos era bem diferente: amor, sinceridade, seriedade na busca da verdade.

 

Dou-lhes um exemplo: uma conferência de ministros do monoteísmo. Cada um falou com clareza da própria religião, exceto o protestante, ao qual no final, como profissão de fé fundamental, eu perguntei se acreditava na divindade de Cristo. Ele disse que sim. Então resolvi perguntar se para ele os reformados que negam a divindade de Cristo, seriam considerados irmãos separados. Ele me respondeu que não e ainda acrescentou: "vou igualmente celebrar o culto com eles, somos todos irmãos reformados". Aí eu disse-lhe: "Então crer ou não crer na Santíssima Trindade pra vocês é algo indiferente!Portanto ser protestante significa crer em qualquer coisa". Ele apenas sacudiu os ombros e saiu. Esse era o presidente da Confederação Calvinista francesa.

 

 

Bonum ex integra causa, malum ex uno defectu. Vejamos então a que ponto chegaram esses negadores da verdade revelada. E na Missa, uma só vírgula introduzida por sugestão dos protestantes já é uma verdadeira lesão ao rito, aquele malum ex uno defectu. Isto constitui a máxima desonestidade contra Deus, contra a Verdade e contra as almas.Criou-se um compromisso na confusão para promover simpatias terrenas. Chamou-se caridade ecumênica aquilo que é traição à Igreja Católica. Sufocou-se a Verdade na teia dos comprometimentos.Os protestantes, habituados a crerem apenas naquilo que lhes é conveniente, viram-se de repente alegrando-se pelos textos neo-católicos. Acostumados a viver na confusão por tantos séculos, certamente que ficaram muito satisfeitos por levarem à Igreja Católica a sua mentalidade, se bem que com quase quatro séculos de atraso, depois de tantos conflitos de palavras e derramamento de sangue ( digo mentalidade porque no que lhes diz respeito, estando neles ausente a fé e a obediência à Verdade revelada, certamente que não se pode falar de religião, mas somente um pensamento vago, flutuante, incerto, unicamente moralizante, que vai do rigorismo ao indiferentismo, e tudo isso, de qualquer modo, apenas fruto da criação humana)

 

""Ninguém vem a mim se o Pai não o atrair"", o que significa: o conhecimento da verdade não depende da capacidade humana, mas de uma revelação do alto: "não a carne ou o sangue que te revelou, mas o meu Pai que está nos céus". O que quer dizer, que quem nega a verdade revelada como tal, não foi chamado pelo Pai e portanto é obrigado a inventar e a andar errante e sem meta até exaurir-se no ateísmo.O Concílio Ecumênico das Igrejas (CEC) foi criado justamente para tentar segurar o fracionamento infinito das teorias dos reformadores, numa tentativa desesperada de estabelecer um acordo sobre alguns elementos comuns a serem mantidos, para conservar uma aparência cristã. Aos católicos sempre foi proibido tomar parte neste marasmo dramático, porque a Igreja Católica ao invés, luminosa e florescente, está apoiada sobre três colunas: a Doutrina revelada, os santos Sacramentos e o Vigário de Cristo, o qual está encarregado de vigiar com olho bem aberto e competente ( infalibilidade) para que o depósito da fé seja conservado e transmitido integralmente, já que é algo celestial.

 

No que diz respeito aos protestantes, se esperava para eles um feliz retorno ao redil divinamente alimentado nas pastagens eucarísticas. Se olhava com profunda piedade para estas almas errantes e doentes, há tantos séculos privadas do Alimento de vida eterna.Jamais se sonhou em unir-se a eles no seu estado de morte, pensando em proporcionar-lhes algum bem ou de querer o seu bem. No entanto, eis o espetáculo mais doloroso: justamente a eles, os negadores do dogma, os blasfemadores do Sacrifício perpétuo ("Eu declaro que todos os bordéis, os homicídios, os furtos, os assassinatos e os adultérios não são nada em comparação com aquela abominação que é a missa papista."), os desprezadores da Igreja católica ( Lutero chamava a Igreja de "a grande prostituta"), os odiadores do Papa (""Quem não se opõe com todo o coração ao papado não pode atingir a eterna felicidade""), a esses foi confiada a tarefa de criar um rito litúrgico que lhes fosse aceitável, seja no seu todo, seja nos detalhes, como foi confirmado pelos responsáveis católicos. Um rito que se tornou lei na Igreja Católica e que eu, como sacerdote católico, sou obrigado a celebrar.

 

Eis aí então a origem de toda a anarquia litúrgica e dos abusos assinalados mais acima: também nós nos tornamos protestantes, isto é inventores dos nossos ritos sem mais nenhuma certeza.

 

Todavia, a este ponto, tendo então mudado o intinerário canonizado em caráter perpétuo pela Igreja, seria ainda válida a Missa? Chegamos ao ápice do intinerário com esta outra via paralela que é o texto reformado dos Reformadores?Com quanta alegria os protestantes conseguiram tomar pelas mãos estas "criancinhas católicas" atrasadas a quatro séculos, para enfim fazê-las se aproximarem da liberdade de pensamento, da liberdade religiosa, da idade adulta em que se descobre autônomo, emancipado, em condições de gerir a própria vida sem mais nenhuma referência a uma Autoridade superior! Eis aí a anarquia litúrgica, dogmática e moral : o protestantismo dentro da Igreja Católica.

 

No que diz respeito aos autores do novo rito, creio que a sentença da Igreja seja mais que uma excomunhão. De fato, a excomunhão pode ser abusiva e portanto inválida. No passado, Papas e Patriarcas a distribuíam sem nenhuma parcimônia.O último e único caso na Igreja atual, que anulou a excomunhão de tudo quanto é espécie de heréticos e cismáticos, foi o caso da excomunhão de Mons. Lefebvre. Uma excomunhão desmentida depois por uma famosa tese de doutorado em Direito Canônico, sustentada e aprovada summa cum laude na Universidade Gregoriana em 1995.

 

È portanto óbvio que a Igreja não é infalível ao aplicar sanções disciplinares, e a maior prova disso é a anulação das excomunhões lançadas no passado contra ortodoxos e protestantes ( o ecumenismo pode tudo!).

Já na Bula ""Quo primum tempore"", parece-nos que São Pio V empenhou até mesmo o juízo divino e o da hierarquia triunfante:"Assim, portanto, que a ninguém absolutamente seja permitido infringir ou, por temerária audácia, se opor à presente disposição de nossa permissão¼¼ Se alguém, contudo, tiver a audácia de atentar contra estas disposições, saiba que incorrerá na indignação de Deus Todo-poderoso e de seus bemaventurados Apóstolos Pedro e Paulo".

 

Portanto a Bula é mais do que uma canonização do rito, é mais do que um decreto de excomunhão para os transgressores: enquanto a excomunhão não empenha o juízo de Deus, mas tão somente a sociedade eclesial terrena, estes termos da Bula empenham também os decretos divinos e eternos.

 

A reforma litúrgica, desejada por Paulo VI e realizada com a contribuição e satisfação de teólogos protestantes, "produziu - como diz o Card. Ratzinger - danos extremamente graves para a fé!" (JOSEPH RATZINGER, La mia vita, p. 112).

 

 Padre Louis Demornex









Artigo Visto: 1895



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