Cidadãos do Infinito




Os Mandamentos de Deus e da Santa Igreja
  • Voltar





09/02/2012
CONFESSAI-VOS BEM!
Preparação para a Páscoa e para o Natal


O SACRAMENTO DA CONFISSÃO.
Parte I.
1. O principal motivo da perdição.


Discípulo — Padre, poderia explicar-me a razão deste título?
Mestre — Chamei-o assim por causa do fato seguinte:
Conta-se certa moça, tendo caído por desgraça num desses pecados que tanto envergonham na confissão, vivia triste e desconsolada. Passaram-se assim muitos meses, sem que nenhuma das companheiras da coitada descobrisse a causa de tanta aflição. Nesse ínterim, aconteceu que a sua melhor amiga, muito virtuosa e devota, morreu santamente. Uma noite, a chamam pelo nome, quando está no melhor do sono; reconhece perfeitamente a voz da amiguinha morta que vai repetindo: Confesse-se bem... se você soubesse o quanto Jesus e bom!
A moça tomou aquela voz por uma revelação do céu, criou coragem e, decidida, confessou o pecado que era a causa de tanta vergonha e de tantas lágrimas. Naquela ocasião, tamanha foi a sua comoção, tão grande o seu alívio que depois disso, contava o fato a todo o mundo, e repetia por sua vez: "Experimentem e vejam o quanto Jesus é bom".
 
D. — Muito bem! — acredito nisso plenamente, porque, já fiz mais de cem vezes a experiência de tal verdade.
M. — Pois então agradeça a Deus de todo o coração e continue a fazer boas confissões. Ai daquele que envereda, pelo caminho do sacrilégio! É essa a maior desgraça que nos pode acontecer, porque dela não teremos mais a força de nos afastar, e assim prosseguiremos, talvez até à morte, precipitando-nos no abismo da perdição eterna.
 
D. — É assim tão nefanda uma confissão mal feita?
M. — É o principal motivo, a causa capital da perdição!
 
D. — Deveras?
M. — Assim é, infelizmente! São as confissões mal feitas o motivo pelo qual tantas pessoas perdem suas almas e vão para o inferno.
 
D. — Mas não há exagero nisso?
M. — Exagero nenhum, e nem sou eu quem o diz: afirmam-nos os Santos que melhor conhecem as almas e viu-o Santa Teresa em uma visão.
 
Estava a Santa rezando, quando, de repente abrem-se diante dos seus olhos uma voragem profunda, cheia de fogo e de chamas; e nesse abismo precipitam-se com abundância, como neve no inverno, as pobres almas perdidas. 
 
... são as confissões mal feitas o motivo pelo qual tantas pessoas perdem suas almas e vão para o inferno!...
 
Assustada, a Santa levanta os olhos ao céu e:
 
 — Meu Deus, exclama, meu Deus! O que é que eu estou vendo? Quem são elas, quem são todas essas almas que se perdem? Com certeza devem ser as almas dos pobres infiéis.
 — Não, Teresa, não! Responde o Senhor. As almas que neste momento vês precipitarem-se no inferno com o meu consentimento, são, todas elas, almas de cristãos como tu.
 — Mas então devem ser almas de pessoas que não acreditavam, que não praticavam a Religião, que não frequentavam os Sacramentos!
— Não, Teresa, não! Fica sabendo que essas almas pertencem todas a cristãos batizados como tu, e, que, como tu, eram crentes e praticantes...
Mas se assim é, naturalmente essa gente nunca se confessou, nem mesmo na hora da morte...
— No entanto, são almas que se confessavam, e confessaram-se também antes de morrer...
Por qual motivo então, ó meu Deus, são elas condenadas?
— São condenadas porque se confessaram mal...
 
Vai Teresa, conta a todos esta visão e recomenda aos Bispos e Sacerdotes que nunca se cansem de pregar sobre a importância da confissão e contra as confissões mal feitas, afim de que os meus amados cristãos não transformem “o remédio em veneno; afim de que não se sirvam mal desse sacramento, que é o sacramento da misericórdia e do perdão.”
 
D. — Pobre Jesus!... São assim tão numerosas as confissões mal feitas?
M. — S. Afonso, S. Felipe Néri, S. Leonardo de Porto Maurício, afirmam unanimemente que, infelizmente, o número das confissões mal feitas é incalculável. Eles, que passaram à vida no confessionário e à cabeceira dos moribundos, sabem dizer a pura verdade. E nós que erramos, de terra em terra, pregando exercícios e missões, somos obrigados a afirmar a mesma coisa.
O célebre Padre Sarnelli, na sua obra “O mundo santificado” exclama: “Infelizmente são incalculáveis as almas que fazem confissões sacrílegas: sabem disso, em parte, os Missionários de longa experiência, e cada um de nós virá sabê-lo, com grande pasmo, no vale de Josafá. Não só nas grandes capitais, mas nas cidades menores, nas comunidades, no meio daqueles que passam por piedosos e devotos encontram-se em grande número os sacrílegos...”
 
O Padre Tranquillini, da Companhia de Jesus, tendo sido chamado à cabeceira duma senhora gravemente enferma, acode com solicitude e a confessa: mas, chegada à hora da absolvição, ele sente qualquer coisa que, como se fosse uma mão de ferro, o impede de prosseguir.
 
— Minha senhora, diz ele, talvez se tenha esquecido de alguma coisa...
— Impossível, Padre, estou me preparando há oito dias...!
 
Depois de algumas preces, tenta uma segunda vez; mas, a mesma mão o impede de novo.
 
— Desculpe, minha senhora, replica o Padre, talvez a senhora não ouse confessar algum pecado...
— O quê diz, Padre? Isso me ofende. Como pode supor que eu queira cometer um sacrilégio?
 
Torna a tentar pela terceira vez a absolvição e ainda uma vez aquela força invisível o impede de agir. Não podendo compreender qual o mistério que se escondia num fato tão extraordinário, cai de joelhos, e, chorando, suplica àquela senhora, que não se traia, que não seja a causa da própria perdição.
 
— Padre, exclama ela então, Padre, há quinze anos que eu me confesso mal! Veja, portanto, como é fácil achar-se quem se confessa mal!
 
D. — Chega, Padre, isto me faz estremecer.
M. — Antes tremer aqui do que queimar no inferno: e, falando disso, lembro-me de outro exemplo. São João Bosco, numa obra sobre a confissão diz textualmente: "Eu vos afirmo que enquanto escrevo, minha mão treme, porque eu penso no número de cristãos que vão para a perdição eterna, somente por terem escondido, ou por não terem exposto sinceramente os seus pecados na confissão"!
 
D. — O senhor disse também: por não terem exposto sinceramente os seus pecados?
M. — Certamente! Aquele que, por exemplo, confessa só os maus pensamentos, quando além disso cometeu ações ou atos impuros; aquele que confessa ter cometido tais atos sozinho, quando os cometeu com outros; aquele que esconde o número conhecido de suas faltas; aquele que, interrogado pelo confessor não diz a verdade; todos esses fazem más confissões.
 
D. — O quê é que pensam os que assim procedem?
M. — Pensam que no futuro poderão remediar, isto é, confessam-se para viver como diz São Felipe Néri, quando toda e qualquer confissão devia ser feita como se fosse a última, como se nos preparássemos para a morte.
Um dia uma mulher do povo confessou-se com um célebre Missionário: de volta do confessionário, ela passou casualmente por cima de uma laje que cobria uma sepultura. A laje, gasta pelo tempo, cedeu, e a mulher caiu lá em baixo, no meio dos ossos e dos esqueletos. Imagine o susto de todas as pessoas que acudiram; mas isso não foi nada, comparado ao terror o aos berros da coitada! Logo depois que, com muito esforço e trabalho conseguiram tirar a mulher dali, ela, que escapou ilesa, voou para o confessionário e:
— Padre, padre, até hoje eu só me tinha confessado para viver, mas agora que eu vi a morte diante do mim quero confessar-me como se eu fosse morrer – e tornou a fazer, tremendo, aquela confissão que, momentos antes, tinha feito mal.
 
D. — Ah! o pensamento da morte é terrível.
M. — É terrível sim, mas muitíssimo salutar e é pior isso que, cada vez que nos confessamos, devíamos tê-lo na mente.
 
Dentre os inúmeros fatos maravilhosos que se contam na história de D. Bosco destaca-se este: No Salesiano de Turim faziam-se os santos exercícios espirituais, e, todos os presentes, alunos e internos com a máxima seriedade, muito piedosos, rezavam com fervor e colhiam os frutos de suas preces para o bem de suas almas. Enquanto esses cumpriam o seu piedoso dever, um jovem, refratário a toda e qualquer suplica e aos mais afetuosos cuidados de D. Bosco e dos demais superiores, teimou em não se querer confessar nem mesmo naquela circunstância. Os bons Padres tinham feito todo o possível para convencê-lo, mas inutilmente. Ele repetia sempre: “Em qualquer outra ocasião, sim, mas agora não! Vou pensar nisso depois... Agora não sei tomar uma resolução”!
 
Com essa desculpa, chegou ao último dia das cerimônias; D. Bosco, então recorreu a um estratagema. Escreveu numa folha de papel estas palavras: "... e se você morresse durante a noite?!..." e escondeu-a entre o lençol e o travesseiro do rapaz. Cai à noite: todos se vão deitar, e o nosso jovem, despreocupado, também se despe, mas eis que quando vai entrar na cama encontra a tal folha. Um oh! de espanto que ele não pode conter lhe sai dos lábios; pega no papel olha-o, vira-o e revira-o e, por fim, descobrindo que há nele qualquer coisa escrita, arregala os olhos e lê: “... e se você morresse durante a noite”... D. Bosco.
 
D. Bosco! Exclama ele; mas D. Bosco é um santo... Ele conhece o futuro... Talvez aconteça isso mesmo! E se eu morresse durante a noite? ' Mas eu não quero morrer, não: quero viver, quero viver e... Enquanto isso, para que os companheiros não reparem, ele se deita, cobre-se e cheio de coragem, tenta pegar no sono. Qual nada! Adormecer naquele estado? Com aquelas palavras que o atormentavam como se fossem espinhos agudos? É impossível! Ele vira e revira na cama, fecha os olhos com força, mas... tudo inútil; ouve sem cessar, cada vez mais vivo, cada vez mais forte, o som daquelas palavras; ele imagina, como se visse o inferno aberto e Jesus que o condena, e diz: "Pobre de mim! E se eu morresse mesmo?..." Um arrepio gelado corre-lhe pela espinha, ele sua frio...
 
— Ah, não — exclama, — eu não quero ir para o inferno, eu quero me confessar...
Invoca a proteção de Maria Auxiliadora, do seu Anjo da Guarda e depois, decidido, veste-se, sai devagarzinho, desce a escada, atravessa corredores, sobe para o quarto de D. Bosco e bate na porta.
D. Bosco, que, como bom padre o esperava, abre a porta e:
— Quem é você?... A estas horas?... O que é que você quer?  
— Oh! D. Bosco, eu quero confessar-me!
— À vontade! se você soubesse com que ansiedade eu o esperei! 
 
Introduzido na antecâmara, o rapaz cai de joelhos e, depois de feita a confissão, com o perdão de Jesus volta feliz e tranqüilo para a cama. E já não tem medo! O pensamento da morte já não o assusta e ele diz: “Como estou contente! Mesmo que eu tenha que morrer que importa se eu recuperei a graça, se eu tornei a ser amigo de Jesus”! Adormece serenamente e sonha... vê o céu aberto, os Anjos jubilosos que voam levíssimos, entoando os cânticos mais lindos, os mais belos hinos! Que rapaz de sorte!
 
M. — De sorte são todos aqueles que acreditam no grande bem da confissão e se servem dela, impedindo assim a própria perdição; enquanto que é bem diferente o caso da infeliz de quem lhe vou falar. São Leonardo de Porto Maurício, acode à cabeceira de uma moribunda, acompanhado por um frade leigo. Depois de confessada a doente, o padre sai sossegado, e, reunindo-se ao companheiro que o esperava no quarto vizinho, apronta-se para sair, quando este, muito triste e assustado lhe diz:
— "Padre Leonardo, o quê significa aquilo que eu vi?"
— O que é que você viu?
 
— Eu vi uma mão horrendamente negra que vagava pela antecâmara; e, assim que o senhor saiu ela entrou, rápida como um raio, no quarto da doente.
Diante de tal história São Leonardo volta para trás, torna a entrar no quarto e oh! que cena terrível. Aquela mão negra estrangulava aquela desgraçada que, com olhos fora das órbitas, e a língua caída, morria gritando: “Malditos sejam os sacrilégios... Malditos sejam os sacrilégios...”
 
D. — Oh, Padre, então é mesmo verdade que as confissões mal feitas são a causa principal da perdição!
M. — Por conseguinte, guerra à mentira e sinceridade absoluta na confissão.
 
> Continua na Parte II.
Parte II.
       2. O funestíssimo “por quê”
 
D. — Diga-me, Padre; qual será o primeiro “por quê” de tantas confissões mal feitas?
M. — Os “por quês” podem ser diversos, mas o principal é sem dúvida “o medo”, ou seja a maldita vergonha pela qual o demônio fecha a boca de muitos, fazendo-os calar ou confessar mal certos pecados ou o número deles. Você sabe como é que o demônio age quando quer induzir alguém ao pecado? Cerca o infeliz de mil maneiras, vai-lhe sugerindo:
 
“— Ora, cometa à vontade esse pecado... Afinal não é assim tão grave. Deus é bom... Ele não o quer castigar... Depois, com uma confissão Ele o perdoa e esta tudo acabado..." E assim, batendo hoje, batendo amanhã, e sempre na mesma tecla, o demônio acaba triunfando, ou seja fazendo cometer e talvez até repetir os pecados. Depois, então, quando o coitado, roído pelo remorso, resolve confessar-se, o demônio muda de tática. Novamente trata de impedir que Deus tome conta dessa alma, dizendo:
 
— “Como ousas confessar esse pecado? O confessor ficará surpreendido, há de ralhar contigo, levá-lo-á a mal e é provável que te negue a absolvição. Ora, vamos, não temas, confessar-te-ás depois... Há tempo de sobra... Há sempre tempo para isso.
— E assim o mais das vezes fecha a boca de quem estaria quase resolvido a falar e induz os pobres infelizes a se calarem e a cometerem
 
Como ousas confessar esse pecado?”
 
D. — É esta mesmo a tática do demônio?
M. — Certamente! Ele mesmo o confessou a Santo Antonino, arcebispo de Florença. Um dia, tendo o santo visto o demônio junto do confessionário, perguntou-lhe:
 
— O quê fazes aí?
— Estou esperando para fazer a restituição.
— Qual restituição? Fala, ou ai de ti.
— Venho restituir aos pecadores a vergonha e o medo que lhes roubei quando os fiz cometer os pecados. .
 
D. — Se não me engano, parece-me que li que D. Bosco também viu o demônio em circunstâncias análogas.
M. — Justamente! E ouça como foi:
Certa noite, estava o santo confessando no coro da Igreja de São Francisco de Sales em Turim; era grande o número de jovens ali reunidos, esperando que chegasse a sua vez. Pelo confessionário passam dez, passam vinte, e chega finalmente um que, tendo já feito uma parte da confissão, pára de repente.
 
— Continue, diz-lhe D. Bosco, que por inspiração divina lia na consciência dos seus filhos.
— Continue! E o resto?
— Não há mais nada, Padre, mais nada!
Não temas, meu filho, continua o Santo, o Confessor não ralha, não castiga, perdoa sempre, perdoa sempre, perdoa tudo em nome de Deus; tem coragem... confessa-te bem...
— Não há mais nada! Nada mais!...
— Mas por que, meu filho, queres, com uma confissão sacrílega, dar prazer ao demônio... causar tristeza a Jesus, fazê-lo chorar?
— Garanto-lhe Padre, que não tenho mais nada a dizer!
 
D. Bosco que vê o perigo que o infeliz jovem corre, inspirado por Deus, abandona a luta inútil e diz:
Pois bem, olha quem está atrás de ti!
O rapaz vira-se de repente, solta um grito agudo e, agarrando-se ao pescoço de D. Bosco exclama:
— Sim Padre, eu tenho mais este pecado...
E conta o pecado que não ousava confessar... Os companheiros que estavam na igreja ouviram o grito; assim que saíram, cercaram o rapaz, e, curiosos, queriam saber o que tinha acontecido. E ele sorrindo, apesar de estar ainda um tanto assustado:
Se vocês soubessem... Eu tinha cometido uma falta que não ousava confessar. D. Bosco leu meu coração... e eu vi o demônio que, sob a figura de um gorila de olhos de fogo e garras afiadas, estava pronto para me agarrar!
 
D. — D. Bosco era um Santo! Que sorte confessar com um Santo; não é, Padre?
M. — Todos os confessores representam Jesus Cristo e Jesus Cristo é sempre Santo; Ele tudo sabe, Ele vê tudo, tem pena de todos, perdoa tudo!
 
D. — Mas mesmo assim o demônio procura enganar e trair nas confissões?
M. — Justamente; em todas as ocasiões. Assim como o lobo agarra as ovelhas pela garganta para que não gritem, e as carrega e as devora, assim também faz o demônio com certas almas; agarra-as pela garganta afim de que não confessem os pecados e as arrasta miseravelmente para o inferno.
 
D. — Que espertalhão malvado! Mas haverá quem, depois de enganado uma vez, se deixe levar por esse impostor?
M. — Há muitos, muitíssimos, infelizmente! Ai daquele que começa a seguir por esse caminho! São geralmente os que cometem pecados contra a pureza que enveredam por tal caminho!
Geralmente não há dificuldade em confessar os pecados contra a fé, os pecados de blasfêmias, os de profanação dos dias festivos, os de desobediência, de vingança e mesmo os de furto; mas quando se trata de acusar pecados de impureza, ou ter que acrescentar certas circunstâncias que os acompanharam, ou ainda quando se trata de dizer o número bastante considerável dessas faltas, então uma maldita vergonha surge e fecha sacrilegamente a boca do penitente.
 
De mais a mais, a confissão sacrílega geralmente não fica sozinha. Depois de uma vem outras e assim essas almas infelizes continuam durante anos e anos, e além disso acrescentam a essas confissões mal feitas outras tantas Comunhões sacrílegas. E não raro, acontece que aqueles que, tendo começado a esconder pecados graves desde as primeiras confissões, chegam a uma idade avançada sem nunca fazerem uma boa confissão e sem nunca repararem a desordem de suas almas.
 
É inacreditável, nota o Padre da Bérgamo, é inacreditável como o medo e a vergonha são comuns principalmente entre os moços. Daí vem o hábito de continuar a calar os pecados para não sofrer a humilhação, o sacrifício de confessá-los. S. Leonardo afirma ter tido a seus pés pessoas que, mesmo em perigo de morte não puderam vencer a vergonha que lhes fechava a boca.
S. Afonso recomenda aos padres que falem frequentemente nos seus sermões com calor, com insistência, sobre esse perigo da vergonha que faz calar e insiste para que façam ver ao povo como as confissões mal feitas arruínam as almas, porque essa praga das confissões sacrílegas reina por toda a parte, principalmente nos lugarejos. E, como é comum que fatos e exemplos impressionem o povo, sugere aos padres que contem muitos exemplos de almas que se perderam por causa de pecados não confessados.
 
D. — Conte alguns, Padre!
M. — Com muito prazer!
Conta-se que uma menina de sete anos tinha tido a infelicidade de cometer certos atos impuros. Envergonhada, não ousou confessá-los na ocasião e nem mais tarde. Tendo adoecido gravemente, chamou o confessor, recebeu o Santo Viático, a Extrema-Unção e morreu! Todos, mãe, irmãs, e amigas lamentaram a sua perda, mas era para elas um conforto julgá-la salva e santa.
Porém, três dias depois do enterro, quando o Sacerdote se aproximava do altar para celebrar em sufrágio de sua alma, sentiu que o seguravam pelo braço, e uma voz triste e comovente lhe dizia baixinho:
— Padre, não reze por mim porque eu estou condenada! Condenada por certos pecados que ocultei na confissão desde os sete anos.
 
Uma outra menina de 13 anos na ocasião da Páscoa tinha comungado junto com as companheiras: mas eis que, logo depois de recebida a santa partícula tem um estremecimento, contorce-se e cai por terra. Os presentes acodem assustados e a carregam para uma casa vizinha. Acabada a função, o Vigário se apressa a correr à cabeceira da menina que continua a delirar e debater-se; chama-a pelo nome e diz-lhe:
 
— Coragem, confia tudo a Jesus, àquele Jesus que recebeste na Comunhão! Ouvindo essas palavras, ela arregala os olhos e, horrorizada exclama:
— A Jesus?!... A Jesus?! Ah não! Eu o recebi mal, eu cometi um sacrilégio escondendo certos pecados na confissão.
— E, continuando a debater-se, expira pouco depois diante dos presentes comovidos e penalizados.
 
M. — O quê me diz desses exemplos?
D. — Digo que são terríveis e bastante para demonstrar como é grande o mal das confissões mal feitas.
 
M. — Não estranhe, portanto a nossa insistência sobre a sinceridade requerida para as confissões. Eu, que, desde os primeiros anos de Sacerdócio, por graça de Deus, tive a sorte de começar a catequizar e a pregar para jovens e adultos e continuo ainda hoje a exercitar-me nesta obra consoladora e frutuosíssima, nunca perdi o hábito de falar freqüentemente sobre a necessidade da confissão sincera e posso dizer que nunca me arrependi.
Ah! quantos jovens e adultos eu consolei, reconduzi ao bom caminho; quantos eu salvei nos Exercícios Espirituais, nas Missões e mesmo nas simples conferências e palestras!
D. — Tem razão, Padre; de fato, nenhum sermão é ouvido de tão boa vontade como os que versam sobre a confissão.
 
 
3. Ai daquele que começa.
 
 
D. — Padre, se é assim tão fácil encontrar quem se deixe enganar pelo demônio e se cala, renovando o sacrilégio na confissão por quê é que os sacerdotes e os confessores não indagam, não interrogam os penitentes para impedir as confissões mal feitas?
M. — Coitados dos sacerdotes e dos confessores! Infelizmente eles sabem e vêm que algumas almas deixam muito a desejar, mas em geral receiam ser indiscretos interrogando e esclarecendo certas coisas. Até pelo contrário, com certas pessoas, não ousamos, parece-nos imprudência interrogar.
Um pai ou uma mãe gostam de fazer sempre bom juízo dos seus filhos, e ficam penalizados quando têm que duvidar da sua conduta, da sua sinceridade, da sua inocência. Do mesmo modo sente o pobre sacerdote no que diz respeito aos próprios filhos espirituais e penitentes.
 
D. — E então?
M. — E então, continua-se em tal vida até que Deus intervenha com a sua mão providencial.
Eis porque por ocasião dos Exercícios Espirituais, das Missões, da Páscoa e de outras tantas festividades do mesmo gênero encontram-se muitas almas, as quais, tendo tido a desgraça enorme de calar uma vez certos pecados na confissão e continuaram depois com sacrilégios durante anos e anos até o dia em que, tocados por graça especial, podem finalmente abrir os olhos e tranqüilizar a consciência por tanto tempo torturada pelo remorso.
 
Pregavam-se os Exercícios em uma paróquia do Piemonte. Havia já alguns dias que tinham começado as confissões e desde o princípio eu notara uma pessoa de aspecto triste e indizivelmente constrangida que rondava o confessionário. Não fazia, porém, muito caso disso, quando eis que uma noite ela caiu aos meus pés e disse:
— Padre, ajudai-me; eu sou uma infeliz. Há quinze anos que eu me confesso mal; só fui capaz de cometer sacrilégios... e desatou em pranto.
— Pois bem, cria coragem, eu respondi, Deus será misericordioso; para a senhora também Jesus será infinitamente bom. Diga-me: quantos anos tem? Como é que enveredou por esse caminho?
 
— Tenho vinte e sete anos; quando tinha doze apenas, por causa de uma curiosidade ilícita eu cometi um pecado que não ousei confessar. Com tal sacrilégio, aproximei-me da mesa da Comunhão e, desde aquele dia até hoje os pecados e sacrilégios sucederam-se uns aos outros. Rezei muito, chorei muito, fiz romarias mas tudo em vão! Confessava-me todos os meses e até com mais freqüência por ocasião dos Exercícios Espirituais; repetia as confissões gerais mas esses pecados eu sempre os escondi, por pura vergonha.
 
— E a senhora estava satisfeita com as suas Confissões: Comungava tranquilamente?
— Oh, Padre! se soubésseis como os remorsos amargos atormentavam o meu coração, cravando-se nele como espinhos agudos!
— Mas então por quê continuava sempre do mesmo modo?
Porque fui uma tola, eis tudo... Um medo indizível das reprimendas do confessor fechava-me a boca e um exagerado respeito humano das minhas companheiras arrastava-me para a Comunhão nesse estado.
— Há quanto tempo confessou-se pela ultima vez?
— Ah! Padre! confessei-me já três vezes durante esta Missão, com três confessores diferentes, sempre com o firme propósito de acabar com isto de uma vez por todas e dizer tudo. Mas, chegando ao ponto terrível, sentia um nó cruel que me apertava a garganta e assim calava-me.
— E agora, como conseguiu manifestar-se?
— Padre, o vosso sermão de hoje sobre a necessidade absoluta da confissão bem feita, aquelas palavras tantas vezes repetidas “experimentem e verão o quanto Jesus é bom”, comoveram-me e foi então que decidi falar, custasse o que custasse.
 
Ajudada pelo confessor ela fez uma confissão geral das mais consoladoras, tendo recebido a absolvição, não parava de repetir:
Agora chega, Padre, chega de pecados e sacrilégios. Direi a todos que experimentei e que vi como Jesus é bom!...
 
D. — São fatos que consolam, não é Padre?... E ainda bem que reconhecem suas faltas!
M. — Mas quantos não as reconhecem mesmo em ponto de morte! É uma coisa muito triste, mas infelizmente verdadeira; não raro há moribundos que às portas da morte,teimam em esconder os pecados não confessados ou mal confessados desde a juventude, nesse estado deplorável passam para a eternidade.
 
“Tirem da minha frente este Cristo, não preciso dele!”
 
D. — Coitados!
M. — Pode chamá-los desgraçados! Ai de quem começa.
 
D. — Mas a misericórdia infinita de Deus não vem em auxílio?
M. — Você pode supor que Deus queira sempre, na hora da morte, usar de misericórdia com quem durante toda a vida abusando dessa misericórdia, injuriou-o com sacrilégios? E além disso na maioria dos casos, nem invocam essa misericórdia; pelo contrário, muitas vezes a desprezam. Aqui também quero persuadi-lo com fatos.
 
O Padre dal Rio conta que uma jovem empregada se confessava freqüentemente, pois que a patroa exigia, mas por vergonha e teimosia calava os pecados desonestos. Uma ocasião ela caiu gravemente enferma; sempre por causa da solicitude da patroa, confessou-se, e mais de uma vez, sacrílegamente. Depois que a curaram com muitos cuidados, chegava até a caçoar com as amigas pondo em ridículo o zelo da patroa e do confessor para induzi-la a fazer uma boa confissão.
Tendo adoecido pela segunda vez e mais gravemente do que da primeira, a patroa tornou a chamar o sacerdote o qual acudiu com presteza. Com toda a piedade e paciência que Deus concede em casos análogos, o padre procurou induzir a infeliz a uma sincera e dolorosa confissão. Mas tudo em vão! Sempre teimosa, perseverou durante a longa agonia no propósito de se esquivar e de se calar, recusando-se até a repetir a jaculatória e as invocações sugeridas pelo confessor; mostrava-se aborrecida com tudo aquilo e com a presença do Padre.
 
E, quando por fim vendo que chegava o momento da morte, o sacerdote lhe pediu que beijasse o crucifixo, ela com um esforço supremo o afastou com maus modos e olhando-o com desprezo disse:
—Tirem da minha frente este Cristo, não preciso dele!
— E voltou-se para o outro lado; assim com um suspiro horrível expirou aquela alma impenitente e sacrílega. Ai daquele que começa!
 
O Padre Agostinho de Fusignano conta-nos um fato análogo, que se deu na sua presença. Uma mulher infeliz escondia na confissão os pecados mais graves. Apesar dos sermões ouvidos contra essa vergonha sacrílega, apesar das mais amorosas exortações, apesar do mais agudo remorso da consciência ela não soube aproveitá-los. Cansada a misericórdia de Deus de esperar, feriu-a com uma doença violenta que a pos em ponto de morte. O confessor foi chamado prontamente, mas a infeliz assim que o viu, exclamou:
— Padre, chegastes a tempo para ver uma mentirosa penitente ir para o inferno. Eu me confessava com freqüência, mas deixava sempre os pecados mais graves.
— Pois bem, confesse-os agora, respondeu o confessor.
— Não posso, não posso, gritou desesperada a infeliz. O tempo da misericórdia já passou; é chegado o momento da justiça!
 
E, delirando e contorcendo-se raivosamente, expirou, deixando em todos os presentes a mais triste e horrível impressão. Aqui também não será demais repetir: Ai daquele que começa!
 
Santo Afonso conta o caso de um senhor cuja conduta era aparentemente boa; fazia, porém, más confissões. Tendo adoecido gravemente, foi visitado pelo Vigário o qual suplicou-lhe que recebesse os sacramentos pois estava em perigo de vida. Mas o enfermo recusava-se a confessar.
— E por que meu caro senhor não quer confessar-se? Ah! respondeu o doente, é porque estou condenado! E Deus, para castigar os meus sacrilégios, tira-me a vontade e a força de repará-los.
Dito isto, começou a morder a língua, a debater-se desesperadamente, gritando:“Maldita língua, maldito silêncio, malditos sacrilégios”. Não foi possível convencê-lo, até que miseravelmente morreu.
 
D. — Chega Padre! São coisas que arrepiam a gente. Eu por mim não quero cometer sacrilégios.
M. — Mantenha essa santa resolução. Por que deixar-se dominar pelo demônio mudo, pisar o Sangue de Jesus Cristo, mudar o remédio em veneno e obrigá-lo a nos condenar, quando pelo contrário, Ele quer a nossa salvação?
 
 
> Continua na Parte III.
 
 
 Parte III.
O demônio mudo
 
D. — Padre, o senhor há pouco falou no “demônio mudo”; o quê vem a ser esse demônio mudo?
M. — É o demônio da impureza ou desonestidade. O próprio Jesus chama-o assim no Santo Evangelho.
 
D. — Mas o que é essa impureza ou desonestidade?
M. — São todos os pecados proibidos pelo sexto e nono mandamentos, isto é, as más ações, os maus olhares, os maus desejos e as infidelidades e malícias no matrimônio.
 
D. — Então a impureza é um pecado muito grave?
M. — É um pecado gravíssimo e abominável diante de Deus e dos homens. Abaixa os que o cometem às condições dos brutos, é causa de muitos pecados e provoca os maiores e terríveis castigos nesta e na outra vida.
A Sagrada Escritura chama os pecados de impureza pelos nomes mais baixos: “crime péssimo, coisa detestável, horrível infâmia sem nome”. São Paulo então, diz claramente:"Neque molles, neque fornicarii, neque adulteri... regnum Dei possidebunt".
 
"Vida desonesta, morte impenitente".
 
Isto quer dizer que nem os moles, que pecam sozinhos; nem os devassos; nem os adúlteros, que são infiéis no matrimônio, possuirão o reino de Deus!
 
D. — Pobres de nós! Devemos então estar sempre alerta.
M. — Certamente! Os santos Padres são todos da mesma opinião quando dizem que a impureza é o pecado que atrai maior número de almas para o inferno.
 
D. — Devéras?
M. — É isso mesmo! Santo Agostinho afirma que, assim como a soberba populou o inferno de anjos, a desonestidade enche-o de homens; e Santo Afonso acrescenta que todos os cristãos que são condenados, o são por causa da desonestidade, ou pelo menos, nunca sem ela.
 
 
D. — E qual será o motivo disso?
M. — Os motivos são especialmente dois:
1.° As desonestidades são pecados fáceis de cometer.
2.° Uma vez cometidos tais pecados, é difícil emendar-se.
 
D. — Por quê são pecados bastante fáceis de cometer?
M. — Porque não devemos crer que os pecados de desonestidade consistem unicamente nas fornicações, nos adultérios e outros tantos pecados nefandos; esses são excessos. Para se pecar mortalmente contra a pureza bastam os olhares lascivos, as leituras obscenas, as canções impudicas, os gestos e as conversas maliciosas, os namoros licenciosos, e até os pensamentos e complacências íntimos e os desejos impuros quando consentimos neles livremente.
 
D. — E por quê são os mais difíceis para corrigir?
M. — Porque, infelizmente, um pecado chama outro, até que, pouco a pouco forma-se uma cadeia que depois não conseguimos mais romper. Neste caso também, ai daquele que começa!
 
D. — Será possível! Mas a confissão não serve de nada? Não consegue romper a cadeia?
M. — A confissão é sempre um meio poderosíssimo, quando bem feita; é aqui no entanto que está o engano; aqui está toda a força do demônio mudo; ele fecha a boca como já vimos, e não permite que se confessem bem esses pecados.
 
D. — Oh! Mas se, se confessarem bem todas as vezes não prosseguiriam no caminho da desonestidade, não é mesmo, Padre? A confissão seria mais forte do que eles.
M. — Justamente. O demônio mudo gosta das trevas, a confissão traz a luz, e a luz afugenta os pecados.
 
D. — Então, a misericórdia de Deus abandona o pecador desonesto?
M. — Não é Deus que abandona o desonesto, mas o desonesto que abandona a Deus, não se importando mais com Ele, ou pior ainda, desprezando-o como vimos no capítulo precedente. Portanto a desonestidade é chamada a mãe da impenitência final e os Santos dizem: "Vida desonesta, morte impenitente".
 
D. — E por que é a mãe da impenitência final?
M. — Porque na hora da morte, geralmente esse pecado não se confessa. Os pecadores não estão dispostos a confessar e a apagar o pecado com o devido arrependimento.
 
D. — Mesmo em ponto de morte?
M. — Sim, até em ponto de morte! E resignam-se a perder a Paraíso e ir para o inferno.
 
Lutero era um frade agostiniano: por um amor impuro deixou o convento, rebelou-se contra a Igreja, fundou o protestantismo e entregou-se a uma vida escandalosa.Uma noite estava ele no terraço de um hotel ao lado de Catarina Bora sua companheira de pecado. A temperatura era suave, o céu estava lindo e milhares de estrelas brilhavam no firmamento. Catarina, cansada talvez daquela vida de remorso, voltou-se de repente para Lutero e lhe disse:
— “Olha Martinho, como é lindo o céu!”
Aquelas palavras, Martinho exclamou com um suspiro profundo:
— Sim, Catarina, o céu é lindo, mas não é mais para nós!
 
O infeliz sentia que ia perder o Paraíso, mas se confessava incapaz de ressurgir e morria pouco depois naquele mesmo hotel, dando mostras do mais terrível desespero. “Vida desonesta, morte impenitente”.
 
 
***
 
Teodoro Beza, sucessor de Calvino e chefe da reforma protestante, atingido por uma enfermidade mortal, foi visitado por São Francisco de Sales. Este com o seu zelo ardente tentou todos os meios possíveis para induzi-lo a abjurar o erro, voltar para o seio da Igreja Católica, e preparar-se para uma morte cristã. “Impossível” repetia, suspirando, o doente de quando em quando "impossível". Por fim, como o Santo insistia para saber o porquê daquela palavra “impossível”, Teodoro com esforço, apoiou-se num cotovelo, puxou uma cortina que fechava uma alcova, e, mostrando uma mulher ali escondida: Eis aí, exclamou, a razão da impossibilidade de me converter e de me salvar!
Preferiu a morte e o inferno, mas não deixou o pecado. Aqui também: “Vida desonesta, morte impenitente.”
 
***
 
Na cidade de Spoleto, vivia uma jovem dissoluta, cuja existência era unicamente dedicada à vaidade e aos bailes. Aconselhada mais de uma vez a corrigir-se desprezava com soberba os avisos e fazia pouco caso deles.
Sua própria mãe, orgulhosa da beleza e do brio da filha, sentia imenso prazer em vê la cortejada por um bom número de amantes, e deixava as coisas correrem na esperança de encontrar um bom partido; de mais a mais acreditava que, passado o ardor da mocidade, ela acabaria sossegando.
Oh, mães cegas e imprudentes, que não só não se preocupam, mas ainda traem suas filhas, quando não são elas próprias que as arrastam à desonra e à ruína!
 
E o que aconteceu?
A infeliz moça caiu gravemente enferma. Pessoas sérias e respeitáveis da vizinhança aconselharam-na a chamar o sacerdote, a receber os sacramentos, preparar-se para a morte, enfim. Mas a pobre teimava:
— “Qual, repetia, é impossível, que eu tão moça e bela, morra; eu não devo, não devo morrer!” Por fim, veio o Sacerdote; este por sua vez suplicava-lhe que tivesse juízo, que rezasse a Maria Santíssima porque a morte poderia surpreendê-la.
 
Qual morte, qual nada! Eu devo é viver! Eu não posso, não quero morrer!
Como a insistência aumentasse, por fim, percebendo que as forças começavam a faltar-lhe, com um esforço supremo, exclamou com ira:
— “Pois bem, se assim, se é que eu vou mesmo morrer, vem tu, Satanás, e toma a minha alma ti!” E, cobrindo o rosto com o lençol, entregou no demônio a alma desesperada.“Vida desonesta, morte impenitente”.
 
Ouça mais este exemplo, que o encherá de pavor:
 
Um cavalheiro vivia com uma moça de maus costumes. Aos que o aconselhavam abandoná-la ele respondia sempre com um desdenhoso “não posso”. Mas a morte chegou para desuní-los.
O infeliz cavalheiro adoeceu gravemente, e, como estava nas últimas, chamaram um sacerdote para prepará-lo para dar o passo terrível. Tão caridoso e paciente foi o padre que o enfermo, humildemente, respondeu:
 
— Com prazer! Apesar de ter levado uma vida má, desejo ter uma boa morte com uma santa confissão.
— O senhor quererá receber também os Sacramentos como um bom cristão?
— É com prazer que os receberei, se vos dignardes de mos administrar.
— Mas isto não será possível se o senhor não despedir primeiro aquela moça.
— Ah, isso, Padre, eu não posso fazer.
— E por que não pode? Pode e deve fazê-lo, meu caro senhor, se quiser salvar-se.
— Mas eu repito não posso!
— Mas o senhor não vê que, com a morte, tão próxima, será obrigado a deixá-la por força?
— Não posso, Padre, não posso!
— Mas assim, eu não o absolvo, não lhe administro os Sacramentos e o senhor perderá o paraíso, será precipitado no inferno!
— Não posso!
— Será possível que eu não posso obter do senhor outra palavra? Pense na sua honra, na sua estima se morrer excomungado.
— Não posso, repetiu o infeliz pela última vez. E, agarrando a moça por um braço, puxou-a para si apertando-a com força ao peito, e assim, nos braços daquela mulher indigna, expirou.
 
D. — São tremendos, mas justos os castigos de Deus. Será possível, Padre, que não se pode mesmo abandonar o pecado?
M. — Na maioria dos casos, não se quer abandoná-lo, eis tudo!
Santo Agostinho conta que um certo homem, não ouvia nem os conselhos nem as súplicas dos que procuravam convencê-lo a abandonar uma casa que freqüentava com grande escândalo. Não quis saber de nada, dizendo que absolutamente não podia. Aconteceu que um dia, naquela mesma casa lhe deram uma carga de pauladas das mais respeitáveis.
Acredite que ele abandonou no mesmo instante a casa: a impossibilidade toda desapareceu. Quod non fecit Dominus” acrescenta o Santo “fecit baculus”: aquilo que Deus e o amor da alma não conseguiram, conseguiu-o a bengala.
 
 
> Continua na Parte IV.
 
 
Parte IV.
As terríveis conseqüências do pecado
 
D. — Padre, o senhor disse também que a desonestidade é o pecado que traz conseqüências horríveis?
M. — Infelizmente assim é! As desonestidades tiram as forças de qualquer obra generosa. Sansão, o mais forte dos homens, porque Deus o dotara de uma força extraordinária, deu-se a um amor impuro e tornou-se o joguete de Dalila, companheira dos seus pecados; por três vezes ela o traiu e o vendeu aos seus inimigos.
 
As desonestidades idiotizam a mente. Salomão, o mais sábio de todos os reis, perde- se junto das mulheres amalecitas e, abandonando o seu Deus, dá-se à idolatria.
 
As desonestidades viciam o coração de Henrique VIII, o mais cristão dos reis, tendo-se apaixonado por Ana Bolena, repudia a rainha sua esposa, abandona a Igreja Católica, faz da Inglaterra uma nação protestante, e morre excomungado pelo Papa. 
 
As desonestidades fazem perder a fé. Se grande número de cristão não crêem, não têm fé, é por causa das desonestidades. De fato quando é que a juventude começa a deixar a oração, a desertar a Igreja, a abandonar os Sacramentos? Justamente quando começa a freqüentar as más companhias, quando se junta às más conversas, às impurezas. Não faz muito tempo, encontrei-me com um médico meu conhecido e o repreendi docemente porque não praticava a religião. “Faça com que eu me case, respondeu, e tornarei a ser católico praticante”. E o que me confessava era verdade: se não tinha fé era por causa das desonestidades.
 
As desonestidades são a causa dos crimes mais hediondos. As desonestidades estragam a saúde, diminuem as forças, encurtam a vida. A existência de tantos moços fracos, de tantas doenças, de tantas velhices precoces, a multiplicação de hospitais para os débeis, para os raquíticos, para os dementes, para os abandonados, aí estão para atestar quantos danos causam as desonestidades, mesmo à saúde.
 
Na América do Sul e na Guiana existe um animal chamado vampiro, que suga o sangue dos homens enquanto estão adormecidos, e quando está satisfeito, foge, deixando a veia aberta, o que freqüentemente causa a morte. Pois bem, as desonestidades sugam o sangue, diminuem as forças, gastam a vida de quem se torna escravo delas. A desonestidade é parecida com a chama de uma vela; ou bem apagamos a chama, isto é desistimos do vício, ou bem acabamos a vela, isto é extinguimos a própria vida. Mas quantos há que não querem acreditar e perdem a juventude, perdem a saúde, a alegria e a paz para ir ao encontro de uma morte precoce e desonrosa! Pensam que vão colher e gozar o perfume das rosas, quando, na verdade não traem senão espinhos venenosos.
 
E, por falar em rosas, ouça um fato histórico que agora vem ao caso.
 
Heliogábalo, imperador romano, suspeitando de uma traição dos seus generais e cortesãos, pensou em preveni-los e puni-los de um modo terrível. Feito no maior segredo os preparativos, convidou-os todos para um suntuoso banquete. Ao fim da festa, quando mais expansiva é a alegria, quando as músicas tocam as notas mais alegres, eis que surge a grande surpresa!... Abre-se o teto da grande sala, o, do alto começa cair uma chuva, leve, de rosas lindas, frescas e perfumadas. Diante dessa novidade o prazer chega ao auge, transforma-se em delírio; todos se levantam gritando: "Viva Heliogábalo! Viva o imperador!" E deliciam se com as rosas: pegam-nas e adornam-se com elas: as palmas e os vivas multiplicam-se.
 
Enquanto isso, o imperador sai sem ser visto. Abrem-se hermeticamente as portas e a chuva continua, aumenta, torna-se copiosa, tão forte que chega a cobrir as mesas e os convivas perdem os sentidos por causa do perfume asfixiante. Procuram uma saída, mas as portas estão fechadas e as janelas altíssimas protegidas por grades de ferro. Tarde demais descobrem o engano, e morrem todos sufocados pelo perfume e o peso daquelas rosas belíssimas.
 
D. — Padre, é essa a triste história daqueles que se dão aos prazeres da impureza?
M. — Precisamente! Infeliz da juventude que, enganada pelo perfume lascivo e sedutor de tais rosas, passa os anos mais belos gritando: amor, amor. O amor, ou seja, o vício, transformar-se-á bem cedo em veneno que castiga terrivelmente.
 
Eu mesmo conheci um jovem forte e sadio, bem disposto, que, dando-se a esse vício aos 17 anos, morreu de uma morte raivosa e convulsa, que despertou pavor em todos os que rodeavam. O seu cadáver tomou um aspecto tão disforme, a sua fisionomia tornou-se tão horrenda, que os próprios parentes não tinham coragem de fita-lo; os poucos que puderam entrar no quarto afirmaram nunca terem visto uma coisa tão assustadora e horrorosa.
 
Um outro rapaz, que pecava por desonestidade, morreu, e do seu corpo, horrivelmente inchado, emanava um mal cheiro tal que foram obrigados a tirá-lo da casa antes do tempo. Nem os companheiros mais corajosos conseguiram levá-lo ao cemitério por causa do cheiro nauseabundo, e foi preciso carregá-lo numa carroça puxada por um jumento. O quarto onde morreu teve que ser desinfetado por muitas vezes antes que se pudesse tornar habitável.
 
Conta-se também o caso de uma moça habituada a atos impuros, que, depois de uma morte aparentemente cristã, foi vestida de branco pela mãe e pelas irmãs. Enfeitaram-na com flores e estenderam-na na cama com um crucifixo nas mãos, afim de que, segundo o costume, as amigas pudessem vê-la pela última vez e orar por ela.
 
Mas oh, prodígio! O Crucifixo saiu do lugar, e, por mais que o tornassem a pôr nas mãos da morta, por mais que procurassem fazê-lo parar, tudo foi inútil: achavam-no sempre jogado na cama. Jesus não queria ficar naquelas mãos que tinham servido para o pecado.
 
D. — O Senhor conta coisas cada vez mais horripilantes! Mas então não haverá mesmo saída para quem teve a infelicidade de enveredar por asse caminho?
M. — Sim, há um modo de reconhecer suas faltas e emendar-se e isto consiste em:
1.° — Uma vontade firme.
2.° — Eliminar e afugentar as ocasiões.
3.° — Praticar os Sacramentos. É sobretudo numa vontade firme que isto consiste.
 
Santo Agostinho levou uma vida de libertino até aos trinta anos, mas quando abriu os olhos, sentiu tamanha vergonha que se converteu, abandonou os prazeres e as loucuras da mocidade, se tornou sacerdote, bispo, Santo, e célebre doutor da Igreja.
 
O mesmo aconteceu a Santo Inácio de Loiola, que com trinta anos se aborreceu da vida até então tida: e com uma vontade resoluta foi correndo bater à porta de um convento, onde fez duras penitências; lavou as culpas passadas, e fundou a Ordem dos Jesuítas, de quem é glória e orgulho.
 
São Camilo de Lelis, da nobre família dos “Abbruzzi” muito jovem também se entrega aos divertimentos e aos prazeres mundanos, mas aos vinte e cinco anos toma o hábito e consagra a Deus e a Maria Santíssima a sua vida, em favor dos doentes e dos moribundos.
 
O quê diremos então de uma Madalena Penitente? De uma Pelágia, de uma Santa Margarida de Cartona, que de vasos de corrupção e de escândalo, transformaram-se em lírios celestes? A vontade resoluta foi suficiente para salvá-las.
Em segundo lugar, eliminar e afugentar as ocasiões. Aqui também os Santos nos ensinam.
 
Santo Tomás de Aquino, jovem elegante de família nobre, é fechado numa torre e ali é tentado por uma mulher infame. Não tendo outro meio de se livrar dela, pega no fogão um tição ardente e brandindo-o grita: “Saia, saia, ou eu a queimo”, consegue assim a fuga da tentadora sem escrúpulos.
 
São Francisco de Sales era também nobre e elegante. Quando aos dezoito anos estudava em Pádua, certa ocasião, uma moça dessas não muito sérias, aventurou-se a abraçá lo maliciosamente. Quê fez então? Cuspiu na cara da impudica, dizendo-lhe: "Afasta-te missionária de Satanás".
 
O moço Dióscoro, depois de vencer todas as insídias dos inimigos de sua fé, foi amarrado numa cama de rosas, na impossibilidade completa de se livrar de quem o queria induzir a pecar. Recomendou-se a Deus, e, cortando a língua com os dentes, cuspiu no rosto da tentadora miserável que borrifada pelo sangue de um mártir, fugiu horrorizada, chorou e se converteu.
 
D. — Mas todos esses, Padre, eram Santos!...
M. — Naquele tempo ainda não o eram; tornaram-se santos depois de agirem como agiram. Todavia mesmo sem ser santos podemos e devemos ser corajosos: basta ser cristão: Ouve isto:
 
Uma jovem que eu conheço, devolveu em envelope fechado um cartão a um soldado libertino, dizendo-lhe: “Isso é indigno de mim como cristã e indigno de ti, como soldado”. Outra moça, em resposta a certas cartas libertinas do noivo, escreveu-lhe: “Nunca me casarei com um homem desonesto! Desde hoje, está tudo acabado entre nós dois”.
 
O amor, ou seja, o vício, tansformar-se-á bem cedo em veneno que castiga terrivelmente.
Não fez muito tempo que, em Turim, no aperto da plataforma de um bonde, um “almofadinha”, lascivo tomou certas liberdades com uma mocinha direita. A moça virou-se desdenhosa e, sem mais, aplicou-lhe no rosto uma valente bofetada, dizendo bem alto:
Deseja saber a razão disso?
— Muito obrigado, não é preciso, responde o desastrado que desceu apressado, com o lenço no nariz.
 
D. — Muito bem! Essa moça merece uma medalha!
M. — Uma medalha igual merece esta, que eu também conheço:
Certa ocasião, um sujeito sem educação sussurrou-lhe no ouvido não sei qual trivialidade. Sem perda de tempo, a moça deu-lhe dois bofetões sonoros, acrescentando: “Estarei sempre pronta para repeti-los”.
 
D. — Muitíssimo bem feito! Se todas se comportassem assim ficariam logo livres dos zangões, não é, Padre?
M. — Isso mesmo! E os que não são zangões ficariam livres dos pernilongos, ou seja, de certas moças sem pudor.
Do ócio também devemos fugir. Ai dos ociosos: é justamente nos momentos de ócio que o demônio impuro intensifica os seus assaltos e aumenta suas vítimas.
 
D. — Então o demônio também tem que ser tratado com cuspidas e bofetões?
M. — Justamente! E em terceiro lugar, para nos poder-mos livrar das impurezas, é necessária a “freqüência dos sacramentos”: a confissão semanal, cada duas semanas ou pelo menos mensal e a Comunhão o mais freqüente possível.
 
Nos Sacramentos o demônio impuro é desmascarado e vencido. Não há nada que ele tema mais porque nada lhe é mais fatal. "É impossível, diz São Felipe Nérie com ele D. Bosco, é impossível que quem freqüente bem a Confissão e a Comunhão, continue a cometer impurezas!”
 
O mundo não pode crer na castidade de tantos milhares de sacerdotes, freiras e religiosos: não se convence de que essa flor da juventude possa conservar-se pura e casta no meio de tão grande corruptela; mas sabe por quê? Porque o mundo não compreende a força dos Sacramentos: porque não sabe ou não quer saber que todos eles se purificam com freqüência no Sangue de Jesus com a Confissão, e, ainda mais frequentemente, se nutrem do seu Corpo santíssimo na Comunhão.
 
Há poucos anos, um jovem advogado disse em tom de brincadeira a um amigo sacerdote:
— Eu acredito na sua fé, admiro a sua abnegação, mas não posso acreditar na sua honestidade, no celibato! O zeloso sacerdote tocado num ponto assim tão delicado respondeu:
— Pois bem, experimenta e verás.
— De que jeito?
— Freqüenta a Confissão e a Comunhão.
 
Mudaram de conversa, mas voltaram ao mesmo assunto muitas vezes e ao cabo de seis meses o advogado elegante trocava a toga de tribuno pelo hábito de seminarista. Em menos de um ano tornou-se sacerdote e é agora excelente pregador e defensor infatigável da honestidade e do celibato eclesiástico. Experimentou e foi vencido por esses Sacramentos miraculosos.
 
D. — Padre, a honestidade, ou seja, a pureza, traz consigo vantagens?
M. — Muitas e nobilíssimas: a pureza é como um lírio que se eleva acima de todas as flores pelo perfume e pelo candor; ela nos torna senhores dos tesouros de Deus. O homem puro e honesto sente-se e mostra-se sempre tranqüilo: não teme suspeitas e calúnias; não se sente ligado nem escravo de outras pessoas; goza de uma paz íntima, inestimável. Sua vida é plácida e serena a sua morte. Tem imensa esperança, isto é, tem a certeza da salvação eterna: o seu prêmio, o seu gozo no Paraíso são de todo especiais. Termino com um exemplo histórico:
 
O célebre músico Mozart aos vinte e cinco anos, tinha atingido o apogeu da sua glória. No dia 27 de Janeiro de 1881, completava justamente vinte e cinco anos e, achando-se em Milão, onde foi acolhido triunfalmente, pôde dizer à assembléia que o festejava estas palavras textuais:
Juro diante de Deus que, em toda a minha vida, nunca cometi ato nenhum contra a pureza, eis o segredo dos meus sucessos e dos meus triunfos...’’ Sentia-se puro e, sentia-se grande. Quantos haverá que podem dizer o mesmo?!
 > Continua na Parte V.
 
 
 
Parte V.
Deus perdoa sempre.
 
D. — Porém, se alguém reconhece a tempo as suas faltas e se confessa bem, Deus perdoa sempre não é verdade, Padre?
M. — Sim, Deus perdoa sempre a quem volta arrependido. Você se lembra da parábola do "Filho pródigo?"
 
D. — Ouvi-a mais de cem vezes e acho-a sempre lindíssima e. muito consoladora. Conte-ma, Padre.
M. — O infeliz rapaz foge de casa, gasta todos os seus bens em excessos. Reduzido à miséria extrema é obrigado a ser guardião de porcos, e reparte com os animais imundos os restos de comida, para não morrer de fome. Por fim cansado de uma vida tão mesquinha, cheio de remorso, resolve voltar para junto do pai. Vence a vergonha e decidido exclama: "Surgam, et ibo ad patrem meus.
Erguer-me-ei irei para junto de meu pai". De fato volta, e assim que chega atira-se aos pés do pai implorando: Pai, perdão, porque pequei.
 
O pobre pai, que desde o triste dia em que o filho partira, não tinha conhecido nem paz nem sossego, não o repele: abre-lhe os braços, ergue-o, aperta-o contra o peito, beija-lhe a fronte, cobre-o com o próprio manto para que ninguém o veja naquele estado. Ordena aos servos: Corram, tragam as roupas mais belas para que eu vista de novo o meu filho; tragam os anéis de ouro e os colares preciosos para que eu o enfeite.
 
E vocês, diz a outros, matem a vitela mais gorda e preparem um grande jantar. Convidem parentes e amigos, chamem também os músicos; quero uma grande festa, porque meu filho que estava perdido voltou! Poucas horas depois, já cada coisa está em ordem: cheia a sala, postas as mesas. O filho que, pouco antes causava dó, aparece todo enfeitado, radiante de alegria, ao lado do pai. E, sentado no lugar de honra, torna-se o "rei da festa".
 
Você sabe quem é ele? É o pobre pecador, e seu pai é Jesus. Cada vez que o mais infeliz pecador atira-se aos pés de Jesus e diz, arrependido: "Padre, perdoai-me porque pequei" a mesma cena se repete.
 
O confessor, que representa Jesus, ergue o infeliz; aperta-o nos braços, dá-lhe o beijo do perdão, reveste-o da graça santificante, adorna-o com seus conselhos, leva-o ao casamento de Jesus que é a Comunhão. Assim, o coitado que, poucos minutos antes, era escravo do demônio e presa do inferno, torna-se o rei da festa porque, como você sabe, Jesus mesmo disse: "Há mais regozijo no céu por um pecador que se converte do que por noventa e nove justos que já vivem na graça de Deus!"
 
D. – Bendita seja a Confissão! Ela é realmente o sacramento do perdão e do consolo. Mas por que nem todos se confessam?
 
 
 
"Bendita seja a confissão!
Ela é realmente o sacramento do perdão e do consolo."
 
M. — Porque não conhecem, não amam Jesus suficientemente. Ah! Se todos pudessem vê-lo como O viu e ouviu aquela mulher do Evangelho...
 
D. — A pobre adúltera, não é? Conte, Padre, esse também é um fato consolador.
M. — Um dia, foi apresentada a Jesus uma mulher surpreendida em adultério para que Ele a condenasse, segundo a lei, a ser lapidada. Ele, vendo-a toda envergonhada, abaixou-se e começou a escrever na poeira palavras misteriosas, e, ao mesmo tempo que Ele escrevia, os acusadores se retiravam confusos e cabisbaixos. Quando todos já se tinham ido, Jesus levantou-se, e virando-se para a mulher pecadora, disse-lhe:
Ninguém te condenou?
— Ninguém, respondeu a mulher, tremendo.
Pois bem, nem eu tão pouco te condenarei: vai em paz e não peques mais.
 
Eis aí meu caro, a vontade de Jesus: não condenar, mas perdoar; e, mesmo que todo o mundo nos condenasse, Ele nos absolveria, satisfeito se não tornarmos a pecar.
 
D. — Mas, Padre, Ele era Jesus, ou seja, Deus; mas estará o Confessor sempre disposto a perdoar?
M. — Sim, o Confessor perdoa sempre, mesmo que se trate de qualquer falta enorme, porque ele representa Jesus. Ouve o que nos conta um dos maiores oradores franceses, Monsabré.









Artigo Visto: 1284



Total Visitas Únicas: 738.543
Visitas Únicas Hoje: 149
Usuários Online: 18