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Marcos 10, 46-52
A Margem da estrada da vida está Bartimeu
Cego, excluído da vida social, a dignidade perdeu
Sem ninguém vegeta e mofa na triste solidão
Ninguém a dar-lhe um sorriso, remédio ou tostão
Maldita fome. Como é triste não ter comida
Não ser acolhido pelo sorriso de um amigo
Não ter qual ave de arribação nem pouso nem abrigo
Bartimeu não tem mais ninguém, está só na vida
Seus ouvidos estão atentos a toda voz e barulho
Até percebe da juriti o triste e solitário arrulho
Ouve vozes que falam bem de um tal de Nazareno
Diz-se ser sábio, curador, santo e mui sereno
Bartimeu sonha com seus botões, lá no fundo do coração
Nada enxergo com os olhos carnais, mas tudo com a fé e a razão
Enquanto a cegueira canta a vitória da escuridão em eterno pernoite
A fé canta a vitória da Ressurreição da vida, sem noite
Bartimeu percebe o nazareno entre os passantes
O encontro com Ele tudo muda. Nada é como antes
Grita bem forte: “Tem compaixão de mim,Filho de Davi!
Cura meus olhos, minha vista, que tão cedo perdi.”
Jesus escuta...pára...e fala:”Timeu vem!”
Chamado, pula...ri...chora...e tudo vai bem
“O que queres que te faça, amigo Batimeu?”
Que eu veja, falou com fé o filho de Timeu
Curado, entrou em comunhão com Jesus
Seguir o Nazareno foi-lhe um caminho de luz
Muitos que presenciaram o milagre, ainda são cegos
O orgulho impediu que a luz da fé iluminasse seu ego
A TV mostra hoje muito Bartimeu a margem da estrada
Com a droga, muita vida aparece como estrada asfaltada
Mas quantos coitados, vegetam na exclusão com a vida estragada
Quantos tem a dignidade de pessoa humana, arruinada
Senhor, que a fé me leve a descruzar meus braços
Que plante amor e distribue muitos abraços
Semeando entre os lascados do campo e da cidade
Comida, remédios, sorrisos, amor e solidariedade.
Pe. Álvaro Lenhardt
Santa Cruz do Sul, 25 de outubro de 2012