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Doutrina Católica
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07/06/2021
Celibato Sacerdotal
Mais do que qualquer outro, o sacerdote tem o grave dever de combater a mundanização da Igreja. Nesta batalha, o celibato é um auxílio poderoso, pois fala do sacrifício de um homem que se entregou completamente pela salvação das almas.


Os seminaristas precisam considerar as dificuldades da vida conjugal e enxergar, na própria vocação, a necessidade de uma fidelidade absoluta ao chamado de Deus. No fundo, somos todos chamados a ser família, seja por laços sanguíneos, seja por laços espirituais. Por isso, os padres devem estar conscientes das graves dificuldades por que passa a estrutura familiar no contexto atual, a fim de defender firmemente a verdade sobre o matrimônio e o sacerdócio cristão.

Desde a criação do sistema financeiro, a sociedade caiu numa febre por dinheiro. Os gráficos históricos da renda familiar mostram que, até o século XVII, o capital financeiro das famílias era praticamente o mesmo em todos os lugares. Não se tratava de nada excepcional, porque se buscava apenas o necessário para a sobrevivência. As famílias trabalhavam para viver. Isso mudou com a invenção dos bancos, que faziam empréstimo para lucrarem em cima dos juros. Aos poucos, os banqueiros foram introduzindo as pessoas nesse sistema, no mercado de trabalho, com a finalidade de aumentar o seu capital. E se, por um lado, isso provocou um aumento na renda das pessoas, por outro, afastou os familiares de seus compromissos conjugais, de modo que a família se tornou uma instituição secundária, algo descartável.

Esse mesmo fenômeno parece ter se infiltrado ultimamente na Igreja, pelo que se nota uma constante relativização das suas estruturas. Vejam, por exemplo, a ideia de bispo emérito. Isso nunca existiu antes. A diocese é uma família e o seu bispo exerce o papel de pai dos fiéis. Ora, um pai é pai para sempre, e não existe a possibilidade de ele se aposentar. Mas o modo como estamos lidando com os papéis dentro da Igreja — a própria teologia sobre o sacerdócio — está nos resumindo a cargos. A Igreja está se transformando em uma instituição secundária, em uma empresa onde todos são descartáveis.

Por isso, a Igreja precisa de uma urgente redescoberta da santidade, de um movimento que coloque a cristandade de volta no caminho da família de Cristo. Trata-se de criar uma cultura de santos. Assim como da cultura do futebol surgiu Neymar, da cultura da santidade surgirão grandes santos como Tomás de Aquino, Pio de Pietrelcina, Teresinha do Menino Jesus e companhia. Mas, para isso, precisamos dar aquele primeiro passo da fé de que falávamos na palestra anterior: entrar no castelo. Sem esse passo, jamais alcançaremos a santidade.

Os padres têm o dever grave de combater a mundanização da Igreja. Neste sentido, a virtude da pureza é um auxílio tremendo, que se expressa publicamente pelo celibato. O celibato é o sacrifício de um homem que se entregou totalmente pela salvação das almas, razão pela qual seria uma enorme tristeza a ordenação de homens casados, pois os padres perderiam aquilo que talvez expresse com mais veemência a sua devoção ao Senhor. O padre é aquele que se sacrifica por sua paróquia. Daí a beleza do celibato.

Com efeito, o padre não pode ser outra coisa senão um pai. E pai é aquele que toca nos filhos sem que isso os agrida sexualmente, o que só se consegue mediante um coração totalmente puro e imerso no amor de Deus. Desse modo, os exercícios espirituais e a ascese não podem faltar na vida sacerdotal, pois o sacerdote que descuida da sua vida interior acaba buscando consolações onde jamais deveria buscar. Todos os padres que caem em desgraça é porque descuidaram antes da sua comunhão com Deus e se esqueceram dos milhões de almas que estão indo para inferno. Em outras palavras, esses padres esqueceram a própria paternidade sacerdotal.

Algo decisivo para a preservação do celibato é a fuga das ocasiões. Um padre ou seminarista não se pode dar ao luxo de ter amigas ou qualquer outra companhia que seja um risco para o seu coração. Amigo de padre é, sem dúvida, outro padre. Daí a recomendação da Congregação para o Clero para que os padres cultivem sempre uma fraternidade que seja “inteiramente orientada ao ministério propriamente espiritual; a prática de frequentes encontros, com fraternas trocas de idéias, de conselhos e de experiências; a promoção de associações que favoreçam a santidade sacerdotal” (Diretório para o ministério e a vida dos presbíteros, I, n. 38).

Depois, deve-se ter um santo cuidado com as vistas, para que elas não se dirijam às partes desonestas do corpo alheio, nem despertem paixões pecaminosas na alma. Para isso, os padres e seminaristas devem empregar aqueles meios que os santos sempre empregaram: a purificação da memória, as mortificações corporais e os sacramentais, como o hábito eclesiástico. Além disso, não se tenha medo de castigar o corpo quando ele estiver rebelde. Francisco rolou na neve para preservar a sua pureza.

E, finalmente, o padre precisa de uma intensa vida de oração, uma vez q

 

ue seu pior inimigo é a sua própria carne (Cf.  1Jo 2, 16) e a única maneira de vencê-la é pedindo a Deus as forças para tanto.

ENGENHARIA DA SANTIDADE - PADRE PAULO RICARDO.




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